União Europeia anuncia mesada bilionária para a Ucrânia em 2023

Montante de 18 bilhões de euros por ano é 'estável e previsível', diz presidente da Comissão Europeia

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Bruxelas | Reuters

A União Europeia dará a Kiev € 1,5 bilhão por mês em 2023, para ajudar o governo a manter a Ucrânia enquanto o Exército do país luta contra as tropas da Rússia, anunciou a chefe do Executivo do bloco nesta sexta-feira (21).

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou depois que os 27 líderes nacionais da UE discutiram o apoio à Ucrânia durante o segundo dia de uma cúpula em Bruxelas, quando se completa o 240º dia de guerra.

Ursula von der Leyen durante entrevista para a imprensa na cúpula da União Europeia em Bruxelas - Kenzo Tribouillard - 21.out.22/AFP

Ela disse que a UE até agora deu à Ucrânia € 19 bilhões e que a cúpula está olhando para 2023. "É muito importante para a Ucrânia ter um fluxo de renda previsível e estável", afirmou, acrescentando que Kiev estimou suas necessidades mensais entre € 3 e € 4 bilhões "para o básico".

Ostentando um broche de lapela nas cores amarelo e azul da bandeira da Ucrânia, Von der Leyen disse em entrevista coletiva que a UE financiaria € 1,5 bilhão por mês, com o restante previsto para vir dos Estados Unidos e de instituições internacionais.

"Isso dará um total de € 18 bilhões para o próximo ano —uma quantia com a qual Kiev pode contar e onde há um fluxo de renda estável, confiável e previsível."

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, falou às lideranças da UE por videoconferência nesta quinta (20), dizendo que mísseis russos e drones iranianos danificaram um terço da infraestrutura energética da Ucrânia no momento em que o inverno se aproxima.

"A Rússia também provoca uma nova onda de migração de ucranianos para países da UE", afirmou. "O terror russo contra nossas instalações de energia tem como objetivo criar o maior número possível de problemas com eletricidade e aquecimento para a Ucrânia neste outono e inverno [do hemisfério Norte], para que o maior número possível de ucranianos se mude para os países de vocês."

O bloco europeu também está analisando como ajudar a Ucrânia a restabelecer o abastecimento de água, energia e eletricidade, segundo Von der Leyen.

O líder ucraniano pediu à UE sistemas de defesa aérea e antimísseis, bem como novas sanções contra a Rússia e o Irã, por fornecer a Moscou drones para uso na guerra. O bloco já impôs punições limitadas a Teerã pelo mesmo motivo, mas está dividido sobre aplicar mais sanções ao Kremlin agora.

A Hungria é contra punir a Rússia, enquanto Alemanha e França disseram que as medidas atuais já têm bom alcance. A Polônia e os três Estados bálticos —Estônia, Letônia e Lituânia— propuseram proibir as importações de diamantes da Rússia e eliminar o comércio de aço com o país mais rapidamente, mas a Bélgica e a Itália estão entre os que se opõem a essas medidas.

Zelenski ainda instou o Ocidente a alertar a Rússia para não explodir uma enorme barragem, o que poderia inundar grandes áreas do sul da Ucrânia. Segundo ele, Moscou colocou minas na estrutura de Kakhovka, que fica na porção final do rio Dnieper, em Kherson –um dos quatro territórios anexados pelo Kremlin no fim de setembro—, para formar uma barreira física para o eventual avanço de tropas de Kiev na área.

O ucraniano também pediu que mais promessas de ajuda sejam feitas em uma conferência internacional em Berlim na próxima semana, dedicada à reconstrução da Ucrânia.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que a UE está analisando o uso de ativos russos congelados pelas sanções para reconstruir a Ucrânia. O valor é de cerca de € 300 bilhões, segundo a líder da Estônia, Kaja Kallas, mas a Alemanha e outros membros do bloco alertaram que a apreensão dos bens pode ser ilegal.

Kallas também se aliou à Lituânia ao pressionar pela criação de um tribunal internacional especial para julgar possíveis crimes de guerra cometidos na Ucrânia, algo sobre o qual a Holanda expressa cautela. "Isso é puro terrorismo", disse Kallas sobre a guerra iniciada pela Rússia.

Soldados russos patrulham represa da hidrelétrica de Kakhovka, na região de Kherson, sul da Ucrânia - Olga Maltseva - 20.mai.22/AFP

Ainda nesta sexta, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, conversou com seu homólogo russo, Serguei Choigu, pela primeira vez desde maio. Segundo a Casa Branca, o americano reforçou a necessidade de manter canais de diálogo abertos.

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