Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Moradores de Kherson celebram nas ruas retomada da cidade pela Ucrânia

Residentes hasteiam bandeiras, agradecem a soldados e jornalistas e dizem sentir esperança após oito meses de ocupação

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Guarulhos

Alívio e esperança. Moradores da cidade de Kherson, retomada pela Ucrânia na última sexta-feira (11) após oito meses de ocupação russa, descreveram com essas palavras o sentimento ao assistir ao recuo das tropas de Moscou. Nas ruas neste sábado (12), eles celebraram com bandeiras de seu país, frases e gestos de agradecimento aos soldados.

Os russos tomaram a cidade portuária nos primeiros dias da guerra, em março. Mais recentemente, a região foi uma das submetidas a referendos, amplamente condenados pela comunidade internacional, de anexação à Rússia. Outdoors convocando para a votação ainda podem ser vistos nas ruas.

Residentes de Kherson celebram nas ruas da cidade após retomada das tropas ucranianas - Murad Sezer - 11.nov.22/Reuters

Centenas de pessoas se reuniram em diferentes partes da cidade para celebrar a retomada ucraniana. À rede Sky News um residente, identificado como Andrei, disse sentir profundo alívio. "Viver sob ocupação por oito meses foi horrível. Tinha certeza de que veria isso [a retomada], mas não tão rápido. Nunca sabíamos o que esperar. Às vezes, eles [os russos] detinham uma pessoa e ela desaparecia para sempre."

Outro morador, Alex, contou que os soldados do país serão recebidos como heróis. "Olhe para os olhos das pessoas. Elas respiram livremente pela primeira vez em oito meses. Isso não pode ser colocado em palavras: somos livres."

Alex Rossi, correspondente da Sky News e um dos primeiros jornalistas a chegar ao local, foi recebido por alguns dos moradores com abraços na manhã deste sábado. Muitos dos presentes choravam, e alguns conversavam com soldados ucranianos no local.

Relatos semelhantes foram feitos à rede CNN, que observou dezenas de residentes comemorando na praça central de Kherson e hasteando bandeiras no topo de prédios públicos. "Nos sentimos livres, não somos escravizados, somos ucranianos", disse Olga, uma moradora, à emissora americana.

A euforia vem acompanhada de desafios que o governo ucraniano terá de solucionar. O acesso às redes de infraestrutura básica e internet na cidade foi danificado nos últimos meses.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou neste sábado que, antes de recuar, tropas russas teriam destruído a estrutura de comunicação, água e eletricidade. "Em todos os lugares, russos têm o mesmo objetivo: humilhar as pessoas o máximo possível", disse, em seu pronunciamento diário por vídeo. "Mas vamos restaurar tudo, acreditem em mim."

Kiev divulgou a retomada como uma conquista de peso. O chanceler Dmitro Kuleba, que está no Camboja como convidado para uma reunião da Asean, a Associação de Nações do Sudeste Asiático, disse que a ação representa uma vitória conjunta do Ocidente. "Poucos acreditavam que a Ucrânia sobreviveria."

Ainda assim, o diplomata frisou durante uma reunião com o premiê da Austrália, Anthony Albanese, que a guerra continua. "Entendo que todos querem que esse conflito termine o mais rápido possível, e definitivamente, nós somos os que mais queremos isso." Com efeito, o próprio Zelenski citou "o inferno" visto nos últimos dias em batalhas na região de Donetsk.

Em uma rede social, Kuleba agradeceu aos EUA pelo apoio financeiro e armamentista na guerra. A conquista também foi celebrada por Antony Blinken, secretário de Estado americano, para quem o Exército ucraniano demonstrou "extraordinária valentia". Ele disse que o apoio de Washington seguirá pelo tempo necessário para derrotar a Rússia.

A primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, também celebrou a retomada. Ela compartilhou nas redes sociais um vídeo, que não pôde ser verificado de forma independente, com moradores recebendo soldados do país nas ruas. "Imagens que trazem lágrimas aos olhos de todos os ucranianos. Os nossos estão em casa. Kherson está livre."

Com AFP

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