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Reino Unido e França fecham acordo contra imigração irregular em meio a tensões

Recordes de travessias e pedidos de asilo leva a rixas diplomáticas entre países europeus

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Madri

A França e o Reino Unido assinaram nesta segunda-feira (14) um acordo de € 72,2 milhões (R$ 397 milhões) para serem gastos em medidas de prevenção a viagens de imigrantes em situação irregular pelo Canal da Mancha, que separa os dois países em apenas 33 km em seu ponto mais estreito.

No ano passado, 28.526 pessoas realizaram a jornada em pequenos botes. Só nos primeiros dez meses de 2022, o número já chegou ao recorde de 40 mil, um aumento de 40% até agora.

As cifras são um reflexo de que o momento é de agravamento das crises migratórias no continente, o que levou a uma rixa diplomática entre França e Itália, por exemplo —Paris e Londres mesmo já haviam registrado tensões recentes, quando Boris Johnson ainda estava no poder, devido ao assunto.

Os ministros do Interior Suella Braverman (Reino Unido) e Gérald Darmanin (França) em assinatura de acordo para combater a imigração irregular, em Paris - Thomas Samson - 14.nov.22/Pool/Reuters

Na semana passada, a União Europeia informou que a quantidade de pedidos de asilo no bloco em agosto atingiu o recorde em sete anos, com 84,5 mil formulários, aumento de 16% em relação ao mês anterior.

No Canal da Mancha, as viagens são feitas quase sempre em direção ao Reino Unido. Conforme contou à BBC o prefeito de Teteghem, cidadezinha francesa vizinha a Dunquerque, imigrantes que são recuperados e detidos apenas ficam tentando cruzar de novo. "Eles não querem ficar na Bélgica, na Alemanha ou na França. Querem ir para a Inglaterra", relatou Franck Dhersin.

O dinheiro do acordo, que deve ser usado a partir de agora e durante o ano que vem, vai permitir um aumento de 40% no número de patrulheiros franceses nas praias da Normandia e de Hauts-de-France. Também vai financiar investimentos em tecnologia de vigilância, câmeras, drones, cães policiais e helicópteros para detectar e prevenir as jornadas irregulares.

A imigração é um dos pontos de pressão da gestão do novo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. Ele falou sobre o assunto nesta segunda, ao chegar a Bali, na Indonésia, para o encontro de líderes mundiais do G20.

"Estou confiante de que podemos baixar esses números, mas também quero ser honesto com as pessoas ao dizer que não é uma única medida que vai magicamente resolver isso. Não conseguiremos fazer isso de um dia para o outro", disse Sunak.

O texto foi assinado em Paris pelos ministros do Interior dos dois países. "É do interesse dos governos do Reino Unido e da França trabalhar juntos para solucionar esse problema complexo", disse a britânica Suella Braverman ao lado do francês Gérald Darmanin.

No mês passado, Braverman foi alvo de fortes críticas por declarar que a Grã-Bretanha estava enfrentando "uma invasão" —termo rechaçado por especialistas em migração. Ativistas apontaram para o governo conservador também devido à revelação de condições ruins em um centro de migração no sul do país.

Ainda nesta segunda-feira, os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Itália, Sergio Mattarella, se falaram por telefone para tentar colocar um fim à crise diplomática envolvendo o mesmo assunto.

Eles concordaram com a importância de manter boas relações entre os dois vizinhos e aliados após palavras duras de ambos os lados sobre o que fazer com 230 imigrantes resgatados por um navio da organização Ocean Viking.

Após ser recusado pela Itália, o barco aportou em Toulon, na França mediterrânea, na semana passada. Viralizou nas redes a foto de um garoto na embarcação, dentro de uma caixa de papelão com uma seta desenhada e a palavra "França" escrita.

Paris acusou Roma de quebrar um vínculo de confiança e violar as leis internacionais sobre segurança para os imigrantes, enquanto a primeira-ministra Giorgia Meloni chamou a reação da França de "incompreensível e injustificada".

Segundo as equipes dos presidentes, eles "salientaram a necessidade de criar as condições para a plena cooperação em todas as áreas, tanto bilateralmente como dentro da União Europeia".

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