Descrição de chapéu terrorismo

Turquia ataca Síria e Iraque após atentado em Istambul

Segundo organização e direitos humanos, mais de 30 pessoas foram mortas durante ofensiva turca

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Istambul (Turquia) | AFP

A Turquia anunciou neste domingo (20) ter realizado ataques aéreos contra bases curdas no norte da Síria e do Iraque, afirmando que essas localidades foram usadas por terroristas para executar atentados em território turco.

A ofensiva, intitulada Operação Garra-Espada, é uma resposta a um atentado ocorrido no último domingo (13) no centro de Istambul, que matou seis pessoas e deixou 81 feridos. O governo turco acusa o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) como responsável pelo ataque.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), organização britânica com ampla rede de fontes na Síria, foram mais de 20 ataques contra posições nas províncias sírias de Aleppo e Raqqa, ao norte, e Hasaka, nordeste do país.

Local atacado por forças turcas em Derik, na Síria - North Press Agency/Reuters

Um balanço divulgado domingo por uma ONG síria afirma que a investida deixou pelo menos 31 mortos, a maioria combatentes curdos e soldados sírios. Autoridades curdas relataram 29 mortes, incluindo 11 civis. O OSDH não pôde confirmar as mortes de civis. A agência síria Sana confirmou a morte de soldados sem especificar o número.

Segundo o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, os bombardeios miraram posições estratégicas do PKK e da milícia curda YPG, que Ancara considera uma extensão do PKK.

No Twitter, o ministério da Defesa diz que "chegou a hora do ajuste de contas", referindo-se à ofensiva contra Síria e Iraque. "Os bastardos devem prestar contas por seus ataques pérfidos", diz a mensagem, ao lado da imagem de um avião decolando para operação noturna.

Embora Ancara não tenha revelado detalhes sobre a operação, as Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos, afirmaram que a cidade de Kobane, no nordeste da Síria, estava entre os alvos atingidos.

Cidade síria de maioria curda e próxima da fronteira com a Turquia, Kobane foi capturada pelo Estado Islâmico (EI) no fim de 2014. Os curdos expulsaram o grupo extremista no início de 2015.

"Kobane, a cidade que derrotou o Estado Islâmico, está sendo bombardeada pela Força Aérea de ocupação turca", escreveu Farhad Shami, porta-voz das FDS, no Twitter.

O comandante das FDS, Mazloum Abdi, afirma que os "bombardeios turcos em nossas zonas seguras ameaçam toda a região".

"Este bombardeio não joga a favor de ninguém. Fazemos todos os esforços para evitar uma catástrofe maior. Se a guerra explodir, todos serão afetados", completa.

Segundo o ministro turco do Interior, Suleyman Soylu, a ordem do atentado em Istambul veio da região de Kobane.

A Turquia determina ataques à Síria desde 2016 contra milícias curdas e extremistas do EI.

Desde maio de 2022, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaça iniciar uma operação no norte da Síria para criar uma "zona de segurança" de 30 km ao sul da fronteira.

O Departamento de Estado norte-americano expressou temor de "uma eventual ação militar da Turquia" e recomendou que seus cidadãos não viajem ao norte da Síria e do Iraque.

O atentado da última semana foi o mais violento no país, em um período de cinco anos, desde a onda de ataques entre os anos 2015 e 2017, ações atribuídas a militantes curdos e a extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).

Nenhum grupo reivindicou oficialmente o ataque. O PKK, que lidera uma insurreição que já dura décadas na Turquia, e as YPG negaram qualquer envolvimento na ação.

De acordo com a polícia de Istambul, uma mulher síria foi detida no mesmo dia do atentado como possível autora do ataque. Ahlam Albashir, presa durante uma blitz noturna no subúrbio de Istambul, supostamente trabalhava para militantes curdos.

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