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Alemanha prende extremistas que planejavam golpe de Estado e nomeação de 'príncipe'

Megaoperação policial deteve 25 suspeitos de grupo que pretendia ataque armado a Parlamento

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Berlim | AFP e Reuters

A Alemanha prendeu 25 pessoas nesta quarta (7), numa operação para deter um grupo de extrema direita que planejava um ataque ao Parlamento para colocar no poder um descendente de uma família real.

Os detidos são suspeitos de "preparativos concretos para entrar de maneira violenta no Bundestag [o Parlamento] com um pequeno grupo armado", informa uma nota do Ministério Público.

Policiais prendem Heinrich 13º P.R. em frente à sua casa, em Frankfurt, durante operação contra grupo de extrema direita acusado de planejar golpe
Policiais prendem Heinrich 13º P.R. em frente à sua casa, em Frankfurt, durante operação contra grupo de extrema direita acusado de planejar golpe - Boris Roessler/DPA/AFP

"Suspeitamos que um ataque armado estava previsto contra os órgãos constitucionais", afirmou o ministro da Justiça, Marco Buschmann, no Twitter, destacando uma "ampla operação antiterrorista".

O Ministério Público afirma que o grupo é simpatizante do Reichsbürger (cidadãos do Reich), movimento que não reconhece a Alemanha moderna como um Estado legítimo. Alguns deles querem a retomada de uma monarquia, enquanto outros são adeptos de ideias nazistas. Segundo os promotores, a trama previa que um descendente de uma família real alemã, identificado como Heinrich 13º P.R., assumisse a liderança de um Estado futuro, enquanto outro suspeito, Rüdiger V.P., seria o chefe do braço militar.

Heinrich usa o título de príncipe e vem da Casa Real de Reuss, que governou partes do leste da Alemanha. Ele teria procurado representantes da Rússia, considerada pelo grupo um contato central para o plano. Não há evidências, porém, de que membros do Kremlin tenham reagido positivamente ao pedido.

De acordo com a agência de notícias RIA, a embaixada da Rússia na Alemanha disse que as instituições diplomáticas e consulares no país não mantêm contatos com representantes de grupos terroristas e outras organizações ilegais. O porta-voz do Kremlin também disse a repórteres que não há envolvimento do país na suposta conspiração. "Isso parece ser um problema interno alemão", afirmou Dmitri Peskov.

O comunicado do Ministério Público afirma que a célula desmantelada tem como objetivo "superar a ordem estatal existente na Alemanha e substituí-la por uma forma de Estado própria", um projeto que só poderia ser concretizado "com o uso de meios militares e de violência contra representantes do Estado".

Os procuradores afirmam ainda que os membros do grupo estão "unidos por uma profunda rejeição às instituições e à ordem fundamental liberal e democrática da Alemanha, o que intensificou a decisão de participar de sua eliminação pela violência e de iniciar atos preparatórios para esse fim".

Alta traição

Para efetuar as prisões, quase 3.000 agentes das forças de segurança foram mobilizados em todo o país, com mais de 130 operações de busca e apreensão. Além dos 25 detidos, outras 27 pessoas estão sendo investigadas por suspeitas de integrar a célula criminosa.

"O prosseguimento da investigação permitirá determinar se existem elementos que constituem o crime de preparação de um ato de alta traição contra o Estado", acrescentou o Ministério Público.

Também nesta quarta, outro suspeito de integrar o grupo, um ex-militar alemão de 64 anos, foi preso na Itália. A polícia local afirma que ele estava num hotel em Perugia, onde foi encontrado "material ligado à atividade subversiva" da organização. A nota diz que os procedimentos para extraditá-lo já começaram.

A Alemanha classificou nos últimos anos a violência de extrema direita como a principal ameaça à ordem pública, à frente do jihadismo, o radicalismo islâmico. Há alguns meses, as autoridades desmantelaram um pequeno grupo de extrema direita suspeito de planejar atentados e o sequestro do ministro da Saúde.

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