Descrição de chapéu China Coronavírus

China amplia flexibilização das restrições contra Covid, e população comemora

Na capital do país, Pequim, tendas usadas para testes em massa foram removidas

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São Paulo

Após protestos contra a política de Covid zero, a China ampliou neste sábado (3) a flexibilização das regras de quarentena que entidades como a OMS classificam de insustentáveis. Na capital do país, Pequim, tendas usadas para testes em massa foram removidas. Em Shenzhen, ao sul, autoridades informaram que não será mais exigida a apresentação de teste com resultado negativo para viajar.

As medidas sinalizam mudanças na campanha de enfrentamento à crise sanitária apesar do aumento de casos de coronavírus em megacidades chinesas, como Xangai e Guangzhou. Nesta semana, a vice-primeira-ministra Sun Chunlan prometeu uma "abordagem mais humana" no combate à pandemia.

Moradores de Pequim aguardam em longa fila para teste de detecção de Covid após fechamento de outros locais para realização de exames
Moradores de Pequim aguardam em longa fila para teste de detecção de Covid após fechamento de outros locais para realização de exames - Jade Gao/AFP

Em Pequim, a remoção das estruturas foi comemorada pela população. Um vídeo que registrou funcionários desmontando tendas usadas para testes em massa viralizou na rede social chinesa Weibo. "Isso deveria ter sido retirado antes", diz uma pessoa na gravação. "Banido para a história", completa outra. A veracidade das imagens não pôde ser verificada de maneira independente.

Por outro lado, com menos locais disponíveis para testes, houve reclamação sobre longas filas nas estruturas remanescentes. Agora, moradores da capital não precisam mais comprovar que estão livres da doença para entrar em supermercados. Na segunda (5), a mesma regra deverá ser aplicada no metrô. Mas a apresentação de exame com resultado negativo segue obrigatória em outros locais, como escritórios.

Em Shenzhen, além de não ser mais obrigatório a apresentação de teste para viajar, autoridades anunciaram que os exames não serão mais necessários para acessar o transporte público ou parques. Outras cidades chinesas como Chengdu (sudoeste) e Tianjin (nordeste) adotaram medidas semelhantes.

Se houve relaxamento nas regras de quarentena, o mesmo tratamento não foi aplicado em relação à tolerância com protestos. A polícia mantém um forte contingente na região de Liangmaqiao, a leste de Pequim, palco de grandes manifestações nos últimos dias, e, segundo o jornal americano The New York Times, os agentes usam tecnologia de reconhecimento facial para identificar os manifestantes.

Há policiamento ostensivo também em Urumqi, no oeste chinês, onde um incêndio matou dez pessoas em isolamento e motivou a maior onda de manifestações da história recente do país, com críticas à política da Covid zero e também ao regime de Xi Jinping, alçado a um inédito terceiro mandato em outubro.

Ainda que em menor escala, os protestos continuam —inclusive com formas criativas e inusuais para driblar a repressão e a censura da ditadura. Como resposta aos atos, a China deve anunciar nos próximos dias outras medidas de flexibilização, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Na quinta (1º), durante reunião com autoridades da União Europeia em Pequim, Xi afirmou que os protestos foram estimulados pela frustração, principalmente de jovens, após anos de pandemia, mas que o fato da variante ômicron ser menos letal possibilita a flexibilização nas regras de quarentena.

Um dia depois, moradores de Pequim receberam mensagens nas redes sociais com orientações para que infectados permanecessem em casa. A medida foi considerada simbólica na política de combate à Covid na China, uma vez que não foi recomendado o envio de doentes para a quarentena central, em que pessoas são levadas a instalações do governo e separadas da família para evitar transmissão domiciliar.

A repressão aos protestos, no entanto, segue como alvo de críticas mundo afora. No mesmo dia, uma carta assinada por 42 senadores dos EUA criticou o regime de Xi e lembrou o massacre na Praça da Paz Celestial, em 1989. Segundo o governo, 300 pessoas morreram nos atos pró-democracia, a maioria dos quais soldados. ONGs de direitos humanos, porém, dizem que milhares de pessoas foram assassinadas.

"Advertimos o Partido Comunista da China nos termos mais fortes possíveis contra qualquer nova repressão violenta a manifestantes pacíficos que simplesmente querem mais liberdade", afirma trecho do documento enviado ao embaixador de Pequim em Washington, Qin Gang. "Se isso acontecer, acreditamos que haverá graves consequências para a relação entre os EUA e a China." Antes, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, já havia dito que a repressão da China é um sinal de fraqueza do regime comunista.

A flexibilização na China é vista com cautela, e ainda é cedo para falar no fim da Covid zero. Analistas citados pela Reuters afirmam que autoridades trabalham para conviver com um aumento no número de casos sem que isso resulte em medidas duras de contenção ou crescimento explosivo da cifra de mortes.

Também dizem ser improvável uma reabertura significativa até março, já que a China lançou só há pouco uma campanha em massa de vacinação para idosos. A China registrou 32.827 novas infecções neste sábado, ante 34.772 no dia anterior. Até sexta, o país tinha 5.233 mortes relacionadas à doença.

Com Reuters e AFP

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