Descrição de chapéu Coronavírus

China muda definição de morte por Covid, e número oficial de óbitos diminui

País asiático vive surto em meio ao fim das restrições da política de Covid zero

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William Langley
Hong Kong | Financial Times

Pequim restringiu drasticamente sua definição de morte por Covid-19, enquanto o número oficial de um dos piores surtos na China desde o início da pandemia diverge de evidências anedóticas, da experiência em outras jurisdições e da modelagem de analistas.

A Comissão Nacional de Saúde (CNS) confirmou a mudança na noite de terça-feira (20) em resposta a uma pergunta da mídia local sobre a baixa contagem oficial em comparação com relatos de funerárias que estão trabalhando horas extras. Nesta semana, o veículo de notícias financeiras Caixin informou que a China adaptou sua classificação de mortes por Covid.

Agentes de saúde transportam paciente para hospital de campanha em Pequim - Jade Gao - 21.dez.22/AFP

Wang Guiqiang, médico que falou em uma coletiva de imprensa da CNS, disse que as pessoas que foram consideradas mortas por outras condições, embora positivas para o vírus, não seriam contabilizadas no número oficial de mortes por Covid. Wang disse que a CNS contaria apenas as que morreram de insuficiência respiratória ou pneumonia após receber diagnóstico positivo para o vírus.

A China embarcou em um recuo surpreendente de seu manual de Covid zero nas últimas semanas, levantando bloqueios, reduzindo testes e requisitos de quarentena e aposentando sistemas de rastreamento de contatos após quase três anos de protocolos rígidos.

Chongqing, uma megacidade com mais de 30 milhões de habitantes no sudoeste da China, disse esta semana que pacientes com Covid com sintomas leves ou inexistentes podem ir trabalhar "normalmente".

Especialistas questionaram o número de mortos desde que o país desmantelou abruptamente seus controles de Covid zero, no início de dezembro. O número de mortos no território continental aumentou sete vezes desde então, embora a CNS tenha revisado esse número em menos um na quarta-feira. Isso se compara a Hong Kong, cidade com mais de 7 milhões de habitantes, onde o número diário de mortos está na casa dos dois dígitos. O território autônomo relatou 39 mortes na segunda-feira e 33 na terça.

A mudança na classificação de óbitos segue uma medida este mês de parar de contar infecções assintomáticas, que antes compunham a maioria dos casos nos registros oficiais da China. Desde então, o número de casos no país caiu drasticamente, de um pico de quase 40 mil casos diários no mês passado para cerca de 2.000 na maioria dos dias desta semana.

Leo Poon, chefe da divisão de ciências laboratoriais de saúde pública da Universidade de Hong Kong, disse que números precisos de casos são "essenciais" para a China adaptar sua resposta, acrescentando que os níveis de infecção anteriormente baixos deixaram grande parte da população "ingênua" em relação ao vírus.

"Acho que precisamos ter esse número para tentar realocar nossos recursos [...] para as regiões ou cidades certas, para tentar minimizar o impacto do vírus", afirmou. "Por exemplo, temos médicos suficientes, temos suporte de saúde suficiente?"

Vários modelos, incluindo um parcialmente financiado pelo Centro Chinês de Controle de Doenças, previram que a China poderá sofrer até 1 milhão de mortes durante sua fase de reabertura se Pequim continuar desativando as restrições.

A definição de morte por Covid varia em diferentes países. O Reino Unido compila uma contagem das que mencionam Covid como causa da morte em atestados de óbito e uma contagem separada das pessoas que morrem 28 dias após o teste positivo, com alguma variação nos padrões de relatório para cada uma das nações do Reino Unido.

Os Estados Unidos contabilizam qualquer mortalidade em que o coronavírus tenha contribuído para a causa da morte.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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