Futuro chanceler anuncia viagem de Lula à China e restauração de laços com Venezuela

Mauro Vieira diz ter recebido do presidente eleito diretrizes para 'reconstruir pontes' com América do Sul

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O embaixador Mauro Vieira, 71, futuro ministro das Relações Exteriores, anunciou nesta quarta-feira (14) que as primeiras viagens internacionais de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois de assumir a Presidência serão para Argentina, China e Estados Unidos. Todas devem ocorrer nos primeiros três meses do novo governo, que toma posse em 1º de janeiro.

Ainda segundo Vieira, as relações com a Venezuela comandada pelo ditador Nicolás Maduro serão restabelecidas no primeiro dia da gestão petista. Ele ainda anunciou Maria Laura da Rocha como nova secretária-geral do Itamaraty, primeira mulher a ocupar o posto de número 2 da hierarquia do ministério.

Foto mostra o futuro ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, durante evento no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do gabinete de transição. Ele é um homem branco, calvo. Veste um terno preto, com camisa branca e gravata azul.
Mauro Vieira, futuro chanceler do novo governo de Lula, durante evento no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Vieira, que ocupa a vaga de embaixador do Brasil na Croácia e estava ausente no anúncio que Lula fez dos primeiros nomes da Esplanada, concedeu entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do gabinete de transição. O futuro chanceler contou que já recebeu de Lula diretrizes para os primeiros dias de governo, em particular a "reconstrução de pontes" com vizinhos da América do Sul e com o restante da América Latina.

Por esse motivo, o primeiro deslocamento internacional do petista será para a cúpula da Celac (Comunidade dos Países Latino-Americanos e Caribenhos), a ser realizada na Argentina em janeiro de 2023, seguida de uma visita oficial ao presidente Alberto Fernández.

O diplomata também confirmou que Lula vai aos EUA. Inicialmente, cogitou-se que a ida poderia se dar antes da posse. Após o convite formal feito pelo conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, em reunião com o presidente eleito em Brasília, no entanto, o petista adiantou que não seria possível encaixar a viagem na agenda e que, portanto, o evento seria transformado em uma visita oficial a Joe Biden já com ele empossado.

O terceiro deslocamento confirmado pelo indicado ao Itamaraty será para a China. "O presidente Lula me orientou a desenvolver, reaproximar e reconstruir as pontes com os nossos parceiros tradicionais, como EUA, China e União Europeia. Nós queremos ter com esses países uma relação intensa, produtiva, equilibrada e soberana e desenvolver, dentro do interesse nacional, todas as possibilidades de cooperação", afirmou.

Ao ser questionado sobre os laços com a Venezuela, Vieira disse que o restabelecimento de relações com o regime de Maduro será realizado logo no início do governo. O processo, segundo ele, vai se dar primeiro com o envio de um encarregado de negócios para avaliar a reabertura da embaixada.

"Depois, indicaremos um embaixador junto ao governo venezuelano", afirmou, deixando claro que não se referia ao opositor Juan Guaidó, reconhecido por Jair Bolsonaro (PL) como líder venezuelano. "[Abriremos] embaixada junto ao governo que está, o governo eleito, o governo do presidente Maduro."

Outra prioridade do futuro governo, segundo o novo chanceler, será a recriação de laços com as nações da África, com base em "solidariedade e coordenação", recuperando em particular projetos de cooperação. Nesse âmbito, Vieira acrescentou ainda que o Brasil retomará a atuação em fóruns regionais dos quais a gestão Bolsonaro se afastou, citando a própria Celac e a Unasul, que surgiu como um contraponto à influência dos EUA.

Na entrevista, o futuro chanceler também fez elogios a Maria Laura da Rocha, futura número 2 do Itamaraty. Chamada de "diplomata experimentadíssima", a atual embaixadora na Romênia chegou a ser cogitada para assumir a pasta —o que também seria inédito para o país—, mas foi preterida por Vieira, que é próximo do ex-ministro Celso Amorim e se aproximou de quadros do PT com atitudes consideradas solidárias na época em que Lula estava preso em Curitiba.

O diplomata ainda confirmou Ricardo Monteiro como seu chefe de gabinete. Ele era diretor do Departamento de Política Econômica, Financeira e de Serviços e atuou com Vieira na época em que chefiava a delegação brasileira junto às Nações Unidas.

Chefes de Estado e de governo na posse

Nesta quarta, no CCBB, o embaixador Fernando Igreja, que auxilia a equipe de transição nos preparativos para a posse, também afirmou que subiu para 17 o número de representantes estrangeiros que confirmaram presença na cerimônia, em 1º de janeiro, em Brasília.

As novas confirmações foram dos chefes de Estado de Equador, Paraguai, Suriname, Uruguai e Zimbábue. Questionado sobre a presença de um enviado do governo dos EUA, o diplomata afirmou que ainda não há definição de Washington sobre quem estará no evento.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.