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Lula diz que destituição de Castillo no Peru foi constitucional e deseja êxito a nova presidente

Segundo Aloizio Mercadante, ainda é cedo para dizer se Dina Boluarte poderá viajar ao Brasil para a posse do petista

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Brasília

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou na noite desta quarta-feira (7) que a destituição e a prisão do agora ex-mandatário peruano Pedro Castillo se deram "dentro do marco constitucional".

Lula ainda disse esperar que a nova chefe de Estado, Dina Boluarte, tenha êxito "em sua tarefa de reconciliar o país e conduzi-lo no caminho do desenvolvimento e da paz social".

O Peru viveu nesta quarta o ápice de uma longa e profunda crise política, com uma tentativa de golpe por parte do populista Castillo, que mandou dissolver o Congresso horas antes da votação de uma moção de vacância. O Legislativo ignorou a determinação e destituiu o político, que mais tarde foi preso.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Evaristo Sá-2.dez.2022/AFP

A posição de Lula foi divulgada por meio de nota, na qual o petista lamentou os acontecimentos no Peru sem manifestar apoio ao político peruano —populista, ele era mais alinhado à esquerda apesar do perfil ultraconservador.

"Acompanhei com muita preocupação os fatos que levaram à destituição constitucional de Castillo. É sempre de se lamentar que um presidente eleito democraticamente tenha esse destino, mas entendo que tudo foi encaminhado no marco constitucional", afirmou o presidente eleito. "O que o Peru e a América do Sul precisam neste momento é de diálogo, tolerância e convivência democrática, para resolver os verdadeiros problemas que todos enfrentamos."

Lula então desejou sucesso à presidente que ascendeu ao poder.

"Espero que a presidenta Dina Boluarte tenha êxito em sua tarefa de reconciliar o país e conduzi-lo no caminho do desenvolvimento e da paz social. Espero que todas as forças políticas peruanas trabalhem juntas, dentro de uma convivência democrática construtiva", afirmou.

Ele ainda acrescentou que seu governo vai trabalhar de forma incansável para reconstruir a integração regional e que a amizade entre Brasil e Peru é "fundamental" nesse processo.

Mais cedo, o governo de Jair Bolsonaro (PL) disse que o presidente destituído do Peru adotou ações "incompatíveis com o arcabouço normativo constitucional" do país.

Em nota, o Itamaraty afirmou que a tentativa de dissolver o Parlamento e decretar estado de exceção também foi considerada uma "violação à vigência da democracia e do Estado de Direito". O ministério afirmou ainda esperar que "a decisão constitucional do Congresso peruano represente a garantia do pleno funcionamento do Estado democrático no Peru".

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), foi o primeiro integrante do gabinete de transição a comentar o episódio, ainda que brevemente. Ele reforçou a importância da democracia ao ser questionado sobre a crise no país vizinho.

"Não posso falar pelo presidente Lula. Democracia para nós é um princípio basilar. Democracia, esse é o caminho", disse a jornalistas após evento da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).

Coordenador de grupos técnicos da transição, o ex-ministro Aloizio Mercadante afirmou que "é inaceitável qualquer quebra de institucionalidade" e que o continente precisa de estabilidade e respeito à soberania do voto.

"A primeira notícia é que Castillo tinha tentado fechar o Congresso, mas o Congresso cassou e prendeu o presidente. Então não sabemos se o primeiro movimento é só a narrativa de um golpe ou se realmente houve uma tentativa. Qualquer que tenha sido a verdadeira história, é inaceitável mais uma vez quebrar a institucionalidade, a democracia e o Estado democrático de Direito."

Mercadante também disse que é preciso esperar os acontecimentos para saber se o chefe de Estado peruano, seja quem for, comparecerá à posse de Lula. Completou que Castillo havia sido convidado por ter sido eleito democraticamente para comandar uma nação amiga.

"Acho difícil num cenário como esse, que a presidenta que assume, num caso de crise institucional, possa se deslocar nos próximos 20 dias a vir para a posse."

Mais cedo, o PT e o próprio presidente eleito comentaram outro episódio envolvendo um país latino-americano e se solidarizaram com a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, condenada nesta terça (6) por corrupção.

Em nota, o PT tratou a decisão da Justiça como um "conluio" que tem "caráter claro de perseguição política". A legenda comparou o que aconteceu com a argentina à atuação da Operação Lava Jato no Brasil, "um processo que tinha como único objetivo perseguir nosso presidente recém-eleito [Lula] e tentar eliminá-lo política e socialmente."

Lula prestou solidariedade à vice-presidente argentina por meio de um posicionamento nas redes sociais.

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