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Peru prende generais em ação que pode implicar ex-presidente Pedro Castillo

Investigação apura acusações de que policiais e militares foram promovidos em troca de benefícios financeiros

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Lima | Reuters e AFP

Agentes de uma unidade anticorrupção da polícia do Peru prenderam seis pessoas nesta segunda-feira (26), em uma operação deflagrada por investigações sobre um esquema de corrupção na promoção de militares no governo do hoje ex-presidente Pedro Castillo.

De acordo com os jornais La República e El Comercio, entre os presos estão ao menos três generais, membros da Polícia Nacional do Peru —o segundo veículo fala em cinco oficiais dessa patente detidos.

Membros das forças armadas usam capacete e roupa camuflada durante patrulha nas ruas de Lima, no Peru; do seu lado esquerdo está uma grade e, do direito, pessoas caminhando na calçada
Membros das Forças Armadas durante patrulha em um centro comercial na capital peruana, Lima - 21.dez.22 - Mariana Bazo/Xinhua

"Agentes da polícia, em coordenação com o Ministério Público, executaram uma grande operação que permitiu a detenção de seis pessoas que estariam vinculadas a um caso de corrupção envolvendo promoções irregulares na instituição policial", diz um comunicado do Ministério do Interior.

A pasta informou que entre os detidos estão "três generais de armas da polícia em atividade", de acordo com a agência de notícias AFP.

Segundo o Ministério Público, os generais detidos estariam envolvidos em um esquema irregular executado em 2021, em que subiriam de patente depois de efetuar pagamentos. As investigações apontam que as operações tinham autorização do então presidente. Castillo foi deposto e preso no começo deste mês após uma tentativa fracassada de golpe de Estado.

Ao longo de seu efêmero mandato, o político populista se viu envolto em uma espiral de crises com o Legislativo, também devido a uma série de acusações feitas pela Procuradoria-Geral do país. Em dezembro do ano passado, ele chegou a escapar de um processo de destituição no Congresso, que tinha como motivação justamente o escândalo da suposta interferência do governo na promoção de militares.

Semanas antes, o caso já tinha deflagrado uma das muitas tensões que se acumularam no mandato de Castillo, com um pedido de renúncia do então ministro da Defesa, Walter Ayala.

As detenções desta segunda-feira ocorreram em operações policiais realizadas ainda na madrugada, nas cidades de Lima, Cusco, Tacna e Tumbes. Em dois imóveis ligados a Ayala, também investigado no caso, foram apreendidos diversos documentos. O ex-ministro criticou as ações judiciais e a prisão dos generais.

"Isso foi desnecessário, porque eles não encontraram nada. Essa investigação tem mais de um ano, está se transformando em um show", disse. "A respeito das promoções [dos militares], não recebi um único sol [moeda peruana]."

O Ministério Público investiga Castillo e Ayala por supostos crimes de patrocínio ilegal e organização criminosa. O caso foi deflagrado em novembro de 2021, quando José Vizcarra, ex-comandante-geral do Exército, e Jorge Chaparro, ex-chefe da Força Aérea, denunciaram que o governo havia os pressionado para promover oficiais que não cumpriam com requisitos para subir de cargo.

Alvo de ao menos seis investigações formais, o ex-presidente cumpre prisão preventiva, acusado de rebelião e conspiração devido à tentativa de golpe no último dia 7 —ele acabou destituído pelo Congresso na sequência, o que disparou uma convulsão social profunda no país.

Depois da posse da então vice e hoje presidente, Dina Boluarte, apoiadores de Castillo foram às ruas pedir, entre outras reivindicações, a dissolução do Congresso, a antecipação das eleições gerais e a formação de uma Constituinte. Os atos começaram pacíficos, mas se tornaram cada vez mais violentos, com o fechamento de aeroportos e o bloqueio de rodovias. Ao menos 27 mortes foram registradas, forçando Dina a decretar estado de emergência por 30 dias.

As manifestações impuseram ao governo um volume de crise semelhante ao do mandato de seu ex-aliado, com trocas a jato de ministros, mas ela obteve uma vitória ao conseguir aprovar no Congresso a antecipação do pleito de 2026 para 2024.

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