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Presidente do México repete oferta de asilo a líder deposto do Peru e pede novas eleições

Obrador afirma que mantém 'portas abertas' a quem se sentir perseguido, em ataque velado a Dina Boluarte

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Petrópolis (RJ)

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, reforçou nesta segunda (20) sua oferta de asilo político ao líder deposto do Peru, Pedro Castillo. "Nossas portas estão abertas ao presidente peruano, sua família e a todos que se sentirem perseguidos", afirmou AMLO, como é conhecido.

Obrador urgiu ainda por novas eleições gerais, em um ataque indireto a Dina Boluarte, ex-vice-presidente empossada pelo Parlamento após a fracassada tentativa de golpe de Castillo.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, cumprimenta o então presidente do Peru, Pedro Castillo, em encontro da Comunidade dos Estados da América Latina e Caribe (Celac) na Cidade do México - Presidência do México/via AFP

Castillo está detido desde 7 de dezembro, acusado de rebelião e conspiração. Na semana passada, ele foi sentenciado à prisão preventiva por 18 meses. O político populista nega todas as imputações contra ele e se diz presidente do Peru por direito, chamando sua sucessora de usurpadora.

Obrador se envolveu na crise desde o princípio. Isso porque, depois de ver seu plano de golpe fracassado, Castillo ligou para o presidente mexicano contando que se dirigia à embaixada do país em Lima —o trajeto foi interrompido depois que a polícia acionou a equipe de segurança do próprio político e ordenou que o motorista se desviasse da rota prevista, levando o então presidente para a sede da prefeitura, onde ficou sob custódia de policiais.

O México iniciou sua proposta oficial de concessão de asilo no dia seguinte à deposição. Desde então, AMLO tem feito uma série de declarações públicas em defesa do ex-presidente —contestando, desse modo, a legitimidade de Dina no poder.

Assim que ela assumiu, o líder mexicano disse que seu governo esperaria alguns dias para reconhecê-la e declarou que Castillo vinha sendo vítima de assédio desde a sua vitória nas eleições e que seus adversários políticos "não aceitavam que ele governasse". A chancelaria peruana chegou a convocar o embaixada do México em Lima por esta e outras falas, que segundo a pasta configurariam uma tentativa de "interferência nos assuntos internos do Peru".

Uma semana depois, o México assinou, junto Argentina, Bolívia e Colômbia, uma carta que exortava o Peru a proteger os direitos humanos e legais de Castillo —ambígua, a nota não pedia, porém, a sua restituição ao cargo.

Apesar dessa campanha em defesa do ex-dirigente peruano, Obrador disse que o processo de concessão de asilo ainda está em andamento. "Um pedido foi feito, mas é uma burocracia que ainda precisa ser cumprida", afirmou. Com isso, contradiz Dina, que em entrevista a um programa de TV no domingo (19) confirmou que o México já tinha aprovado o pedido para a família do ex-líder.

A situação é delicada porque a ex-primeira dama, Lilia Paredes, é investigada pela Receita Federal por suspeita de coordenar uma organização criminal ao lado do marido. Segundo Dina, a apuração não impede a concessão de asilo por parte do México.

Dina vem lidando com um país em convulsão desde que assumiu. Apoiadores de Castillo saíram às ruas para exigir sua renúncia e a libertação do ex-presidente, além da antecipação das eleições gerais, a dissolução do Congresso e a criação de uma Assembleia Constituinte.

A escala e a violência dos atos, que fecharam aeroportos e bloquearam rodovias pelo território, levaram a presidente a decretar estado de emergência. O Ministério de Saúde peruano já registrou 25 mortes nos enfrentamentos dos manifestantes com as forças de segurança, a maior parte delas na região ao sul dos Andes peruanos, onde os protestos foram mais intensos e local em que se concentrou o eleitorado de Castillo nas eleições passadas.

Na semana passada, Dina tentou apaziguar a população ao propor ao Congresso adiantar as eleições de 2026 para 2023, mas foi derrotada. O Parlamento deve voltar a submeter o projeto à votação novamente nesta terça-feira (20). Segundo uma pesquisa recente, 83% da população considera que a antecipação do pleito é a única saída possível para a crise.

Com Reuters e AFP

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