Presidente do Peru descarta renúncia e exige que Congresso aprove antecipação de eleições

Dina Boluarte também rejeita Constituinte; ao menos 18 pessoas morreram desde prisão de ex-presidente Castillo

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Lima | Reuters

Em entrevista coletiva ao lado de seus ministros, a presidente peruana, Dina Boluarte, descartou renunciar ao cargo e exigiu que o Congresso aprove a antecipação das eleições gerais.

Na sexta-feira (16), o Parlamento não obteve votos suficientes para aprovar a reforma constitucional que permitiria antecipar as eleições.

Dina também anunciou que haverá mudanças em seu ministério nos próximos dias e afirmou que "não é a hora de uma assembleia constituinte", uma demanda da oposição.

Os parlamentares rejeitaram a proposta apresentada pelo partido de Keiko Fujimori, adversária do ex-presidente Pedro Castillo, para antecipar as eleições presidenciais de abril de 2026 para dezembro de 2023.

A presidente do Peru, Dina Boluarte, fala durante entrevista coletiva no palácio presidencial em Lima, no Peru, no sábado (17).
A presidente do Peru, Dina Boluarte, fala durante entrevista coletiva no palácio presidencial em Lima, no Peru, no sábado (17). - Lucas Aguayo/AFP

A decisão poderia aumentar o descontentamento da população com o Congresso do país, mergulhado em crises política e social desde a destituição do político da Presidência. Ao menos 18 pessoas morreram em protestos e bloqueios de estradas.

"Há um grupo dizendo ‘Renuncie, Dina’, mas o que isso resolveria? Não resolve o problema. Nós vamos nos manter firmes até que o Congresso aprove a antecipação das eleições. Precisamos dizer ‘não’ à violência", disse Dina, acrescentando que o Peru não deve partir para "vinganças políticas".

A antecipação das eleições é uma das demandas de manifestantes que ocupam as ruas desde a destituição de Castillo, no último dia 7, e que exigem também a libertação do ex-presidente. Dina, que era vice de Castillo, é vista como traidora pelos apoiadores do populista.

A medida foi rejeitada por parlamentares que integram partidos da oposição, caso do Perú Libre, antiga legenda de Castillo, e também por políticos do centro. Eles exigiam que a votação de uma Assembleia Constituinte fosse incluída no texto, o que não foi aceito pelo Força Popular.

"O que virá é a renúncia de Boluarte e uma transição democrática", disse a parlamentar de esquerda Ruth Luque na sexta-feira (16). "Dado o número de peruanos mortos, ela deveria renunciar", acrescentou a centrista Susel Paredes.

Dina criticou o Congresso por rejeitar a antecipação do pleito e de tentar se eximir por meio de abstenções. "Com meias palavras não se resolve o problema, a solução está nas mãos de vocês", disse. "Não sejam cegos, olhem para a população e ajam". A mandatária anunciou uma reforma ministerial nos próximos dias. "Vamos recompor o gabinete para dar maior tranquilidade à população peruana", disse a presidente, em coletiva no palácio do governo.

Na sexta-feira (16), os ministros da Educação e da Cultura, Patricia Correa e Jair Perez, renunciaram aos cargos por causa das mortes em decorrência dos protestos que tomaram conta do Peru nos últimos dias.

Em resposta aos protestos, o governo do Peru decretou estado de emergência de 30 dias em todo o país. O decreto faz com que as Forças Armadas se juntem à polícia para garantir a manutenção da segurança pública, além de suspender certos direitos, como a liberdade de ir e vir e de reunião e a inviolabilidade do domicílio.

O ex-presidente Castillo foi transferido para o presídio de Barbadillo, em Lima. Na quinta-feira (15), a Suprema Corte do Peru decidiu que a prisão preventiva do ex-presidente deve durar ao menos 18 meses. O político é acusado de rebelião e conspiração após uma tentativa fracassada de golpe de Estado. Ele nega as acusações e afirma seguir o líder do país por direito.

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