Putin convida Xi para visita de Estado e pede maior cooperação militar com China

Por vídeo, chefe do Kremlin chama líder chinês de 'querido amigo' e faz convite para demonstração pública de apoio

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Moscou | Reuters

Em uma tentativa de fazer com que Pequim dê uma demonstração pública de solidariedade a Moscou em meio à Guerra da Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (30) esperar que o líder da China, Xi Jinping, realize uma visita de Estado à Rússia entre março e junho de 2023.

Em videoconferência transmitida pela TV estatal, o chefe do Kremlin disse: "Esperamos você, caro senhor presidente, querido amigo, na próxima primavera [do hemisfério Norte] numa visita de Estado a Moscou". Putin acrescentou que a viagem "demonstraria ao mundo a proximidade dos elos entre Rússia e China".

O porta-voz do governo russo, Dimitri Peskov, afirmou que ainda não há uma data para uma visita de Xi.

Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, faz reunião por videoconferência com o líder chinês, Xi Jinping
Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, faz reunião por videoconferência com o líder chinês, Xi Jinping - Mikhail Klimentiev/Sputnik/AFP

Em uma fala de cerca de oito minutos, o presidente ainda disse que as relações sino-russas estão crescendo em importância como fator de estabilização e que pretende aprofundar a cooperação militar entre os países. Também não deixou de destacar o afastamento da Rússia das potências ocidentais, que a baniram econômica e politicamente devido às ações na Ucrânia —além de terem fornecido armas a Kiev.

"Você e eu compartilhamos as mesmas opiniões sobre as causas, o curso e a lógica da transformação em curso do cenário geopolítico global, diante de pressões e provocações sem precedentes do Ocidente."

Moscou também apoiou publicamente a posição de Xi sobre Taiwan e acusou o Ocidente de tentar provocar um conflito sobre o status da ilha autônoma, que a China reivindica como sua.

As declarações de Putin contrastam com o tom da nota curta publicada pelo regime liderado por Xi, que não menciona o convite para a visita a Moscou, de acordo com a tradução oficial para o russo. Na resposta de dois minutos que deu durante a videoconferência, porém, Xi disse que a China está pronta para aumentar a colaboração estratégica com a Rússia num contexto que chamou de "difícil no mundo como um todo".

Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado disse à agência Reuters que o órgão monitora as ações chinesas, que indicariam uma disposição de alinhamento com a Rússia.

A relação entre Moscou e Pequim, que ambos os lados celebraram como uma amizade "sem limites" no começo deste ano, ganhou grande significado desde o início da Guerra da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

Embora os países do Ocidente tenham imposto sanções sem precedentes contra a Rússia, a China se negou a condenar as ações militares do Kremlin. Tampouco fez demonstrações públicas de apoio, emplacando no lugar um discurso que destaca a necessidade de paz.

Nesta sexta, Xi também disse a Putin que o caminho para as negociações de paz não seria tranquilo e que a China vai manter sua "posição objetiva e justa" sobre o assunto, segundo a emissora estatal CCTV.

As exportações russas do setor de energia para a China cresceram com força desde o início do conflito, e hoje Moscou é o maior fornecedor de petróleo a Pequim. Mas até os chineses têm tomado cuidado para não fornecer apoio material que provocaria sanções ocidentais à China. Numa cúpula em setembro no Uzbequistão, Putin reconheceu as preocupações de seu colega chinês sobre a situação na Ucrânia.

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