Putin diz que situação nas regiões anexadas na Ucrânia é 'extremamente difícil'

Rara declaração sobre dificuldades na guerra vem um dia após encontro do líder russo com ditador da Belarus

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Moscou | AFP

Em um raro indicativo sobre as dificuldades que a Rússia enfrenta na guerra, o presidente Vladimir Putin afirmou nesta terça (20) que a situação nas quatro regiões da Ucrânia anexadas por seu país é "extremamente difícil" e demanda esforços extras dos militares.

Putin falava ao Serviço Federal de Segurança sobre as regiões de Donetsk e Lugansk, no leste russófono ucraniano, e Kherson e Zaporíjia, que a Rússia anexou em outubro, a despeito de críticas da comunidade global e da ilegalidade perante o direito internacional.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, durante encontro com Aleksandr Lukachenko, ditador da Belarus, em Minsk - Pavel Bednyakov - 19.dez.22/Sputnik via Reuters

"É necessário suprimir de maneira rigorosa as ações de serviços estrangeiros, identificando rapidamente os traidores, espiões e sabotadores", disse Putin. "As pessoas que moram nessas regiões, os cidadãos da Rússia, dependem da proteção de vocês."

O líder russo anunciou a anexação dos quatro territórios em setembro, e autoridades designadas por Moscou organizaram referendos, com pouca ou nenhuma transparência, para concluir o processo. Tropas russas, no entanto, não controlam de maneira completa nenhuma dessas porções, ainda disputadas por forças de Kiev.

As declarações de Putin vêm um dia após o russo visitar Minsk, capital da ditadura aliada da Belarus, onde teve um encontro com o líder do regime, Aleksandr Lukachenko. Kiev afirma temer que as tratativas podem aumentar a participação belarussa na guerra.

Ainda assim, o chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, minimizou a importância do encontro, que definiu como "outro baile" entre Putin e Lukachenko. "Segundo as informações disponíveis, não foram tomadas decisões críticas, e, independentemente do que aconteceu, estamos preparados para qualquer cenário", afirmou.

Ainda nesta terça, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, visitou a cidade de Bakhmut, onde se concentram embates com tropas russas. O líder encontrou militares e distribuiu prêmios a alguns soldados. "Que com sua bravura vocês provem que vamos resistir e não desistiremos do que é nosso", disse ele aos presentes.

Zelenski também voltou a pedir mais armas a países do Ocidente depois de uma segunda-feira marcada por novos ataques com drones à capital Kiev. Militares ucranianos dizem ter derrubado 30 de 35 drones kamikaze disparados pela Rússia.

Cinco pessoas teriam morrido nas regiões de Donetsk e Kherson e outras oito teriam ficado feridas, segundo relatórios de autoridades locais. Ataques com mísseis também teriam derrubado o fornecimento de energia elétrica em porções de Zaporíjia.

Na Rússia, autoridades da região de Tchuvachia afirmaram a canais de comunicação locais que uma explosão atingiu um gasoduto que entrega gás à Europa. Três trabalhadores da manutenção teriam morrido no incidente, que foi pouco detalhado ao público.

O fluxo de gás no local foi interrompido, e gestores dizem não ser possível afirmar quando ele será retomado. Construído na década de 1980, o gasoduto passa pela Ucrânia e é uma das principais rotas de gás russo para o continente europeu.

Os preços do gás natural na Europa subiram depois que a Rússia cortou as exportações por meio de seu principal gasoduto, o Nord Stream 1, deixando apenas gasodutos via Ucrânia para enviar o gás russo aos consumidores europeus.

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