Descrição de chapéu Folha Mulher 11 de setembro

Talibã ordena que ONGs proíbam mulheres de trabalhar no Afeganistão

Medida do regime fundamentalista vem poucos dias após proibição de alunas frequentarem universidades

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Cabul | Reuters e AFP

Em mais uma investida contra direitos das mulheres, o Talibã ordenou nesta sábado (24) que todas as ONGs que operam no Afeganistão impeçam suas funcionárias de irem trabalhar. O grupo alega que elas estão descumprindo regras de vestimenta islâmica.

A medida foi confirmada pelo porta-voz do Ministério da Economia, Abdulrahman Habib, quatro dias após o regime fundamentalista, que retomou o comando do país em agosto de 2021, proibir mulheres de frequentarem universidades afegãs.

Mulheres afegãs protestam em Cabul contra proibição de frequentar universidades - 22.dez.22/Reuters

Não foi detalhado se a regra se aplica às agências da ONU que operam no país e cresceram sua presença após o retorno do Talibã e o colapso econômico da nação da Ásia Central.

Questionado, Habib afirmou que a ordem se aplica a organizações que integram o guarda-chuva do ACBAR, órgão afegão de coordenação das ONGs. Nele, estão agrupadas mais de 180 organizações locais e internacionais, mas não as entidades da ONU.

Ainda assim, as Nações Unidas com frequência contratam ou fazem parcerias com organizações locais para capilarizar seu trabalho de ajuda humanitária. Funcionários humanitários afirmam que ter mulheres em suas fileiras é fundamental para garantir que as afegãs acessem ajuda.

A representação da ONU no país, em nota, disse que busca contato com autoridades do Talibã para compreender os pormenores da ordem, mas reiterou que condena violações aos direitos das mulheres.

"Mulheres devem poder desempenhar papeis em todos os aspectos da vida, incluindo a resposta humanitária", diz um comunicado. "Sua participação deve ser respeitada e salvaguardada. Esta decisão só prejudicará ainda mais os mais vulneráveis, especialmente mulheres e meninas."

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse no Twitter temer que a medida "interrompa a assistência vital para milhões" de pessoas e disse que ela "pode ser devastadora para o povo afegão".

Na última quarta (21), o secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, instou o regime a garantir acesso a educação para todos os cidadãos. "A negação da educação viola a igualdade de direitos e terá um impacto devastador no futuro do país."

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