Biden conversa com Lula, reforça apoio após ataques e fala em receber petista em fevereiro

Presidente brasileiro recebeu ligações de outros líderes estrangeiros

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Brasília e Washington

O presidente Luiz Inácio Inácio Lula da Silva (PT) teve uma conversa por telefone nesta segunda (9) com seu homólogo americano, Joe Biden. A ligação ocorreu um dia depois de golpistas apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) terem promovido ataques à democracia, invadindo as sedes dos Três Poderes e deixando um rastro de vandalismo e destruição em Brasília.

No telefonema, Biden reforçou o convite a Lula para uma visita a Washington, o que foi aceito pelo petista. A viagem, segundo comunicado da Casa Branca, deve ocorrer no começo de fevereiro.

As primeiras negociações ligadas ao tema se deram ainda no final do ano passado, para que Lula fosse à capital dos EUA antes mesmo de tomar posse —o que, por uma série de motivos, acabou não acontecendo. Depois, o presidente decidiu que sua primeira viagem seria para a Argentina, nos dias 23 e 24 deste mês, com mais um dia no Uruguai na sequência.

Joe Biden, presidente dos EUA, ao lado de guardas da fronteira na região de El Paso, no estado do Texas - Jim Watson - 8.jan.23/AFP

Na ligação desta segunda, o presidente americano reforçou declarações que havia dado logo após os ataques bolsonaristas. "[Biden] transmitiu o apoio inabalável dos EUA à democracia do Brasil e ao livre arbítrio do povo brasileiro, conforme expresso nas recentes eleições presidenciais vencidas pelo presidente Lula", informou a Casa Branca.

"O presidente condenou a violência e o ataque às instituições democráticas e à transferência pacífica do poder. Os dois líderes se comprometeram a trabalhar juntos nas questões enfrentadas pelos EUA e pelo Brasil, incluindo mudança climática, desenvolvimento econômico e paz e segurança."

Os termos são os mesmos de um texto que o americano publicou nas redes sociais na noite de domingo. "As instituições democráticas do Brasil contam com nosso integral apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser fragilizada. Espero continuar trabalhando em parceria com Lula", escreveu.

Antes, em meio aos deslocamentos para o México, aonde viajou para participar de uma cúpula de líderes da América do Norte, o democrata tinha dito que a situação no Brasil era "ultrajante".

Biden, o mexicano Andrés Manuel López Obrador e o canadense Justin Trudeau reforçaram nesta segunda o posicionamento de crítica à violência ocorrida em Brasília e de apoio às instituições brasileiras —como aliás, vários outros chefes de Estado e governo vêm fazendo desde as ações dos bolsonaristas.

Também nesta segunda, Lula recebeu ligações do ex-presidente dos EUA Bill Clinton e do atual primeiro-ministro português, António Costa. Os telefonemas já estavam marcados desde antes dos ataques de domingo em Brasília, mas foram esses episódios que dominaram o diálogo.

De acordo com interlocutores, os dois políticos prestaram solidariedade ao petista. No próprio domingo, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, também havia telefonado a Lula para demonstrar apoio.

O apoio de Biden ganha relevância em meio às discussões nos EUA sobre o status do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está na Flórida desde o dia 30 de dezembro do ano passado.

Em um país ainda traumatizado com a invasão do Capitólio por apoiadores do então presidente Donald Trump, há dois anos, congressistas democratas passaram a exercer pressão sobre o governo pedindo a expulsão do político brasileiro de extrema direita do país. Em entrevista à CNN, horas depois de ser internado em Orlando, Bolsonaro afirmou que está bem e pretende antecipar seu retorno ao Brasil. "Vim passar um tempo fora com a família. Mas não tive dias calmos. Primeiro, houve esse lamentável episódio ontem [domingo] no Brasil e depois essa minha internação no hospital", disse.

"Vim [aos EUA] para ficar até o final do mês, mas pretendo antecipar minha volta. Porque, no Brasil, os médicos já sabem do meu problema de obstrução intestinal por causa da facada. Aqui, os médicos não me acompanharam."

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