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Blinken visita Israel e pede 'medidas urgentes' para frear tensão com palestinos

Espiral de violência deu novo rumo à visita de chefe da diplomacia dos EUA ao Oriente Médio

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Jerusalém | AFP e Reuters

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chefe da diplomacia americana, pediu nesta segunda (30), em Jerusalém, "medidas urgentes" para frear a nova espiral de tensão entre israelenses e palestinos.

A visita a Israel marca a segunda etapa de uma passagem relâmpago pelo Oriente Médio que começou no Egito e estava prevista havia muito tempo. A viagem, porém, tomou um novo rumo com a recente escalada sangrenta na região. "Pedimos a todas as partes que tomem medidas urgentes para recuperar a calma e [iniciar] uma desescalada", disse Blinken em entrevista com o premiê israelense, Binyamin Netanyahu.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à esq., e o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, em declaração conjunta em Jerusalém
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à esq., e o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, em declaração conjunta em Jerusalém - Debbie Hill/Pool via Reuters

"Queremos garantir que haja um ambiente no qual possamos, em algum momento, criar as condições para começar a restaurar um sentimento de segurança tanto para israelenses como para palestinos."

A situação piorou acentuadamente nos últimos dias após bombardeios, ataques a tiros e aéreos e medidas punitivas, deixando mortos em ambos os lados. Depois de se reunir com Netanyahu, o americano também se encontrou com seu homólogo israelense, Eli Cogen, e com o presidente, Isaac Herzog.

Após o encontro com Bibi, Blinken reiterou a posição formal de Washington em busca de uma solução de dois Estados como a única maneira de resolver o conflito israelense-palestino. "Como eu disse ao primeiro-ministro, qualquer coisa que nos afaste dessa visão é, em nosso julgamento, prejudicial à segurança de longo prazo de Israel e à identidade de longo prazo como um Estado judeu e democrático."

Dados recentes indicam, porém, que o apoio público a uma solução de dois Estados atingiu baixa histórica. O último levantamento do Centro Palestino de Política e Pesquisa apontou que só 33% dos palestinos e 34% dos judeus israelenses afirmam apoiar a medida, o que representa uma queda significativa em relação aos dados coletados em 2020.

A agenda de Blinken também inclui um encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.

Antes de chegar a Jerusalém, ele passou pelo Cairo, capital egípcia, onde apelou "à calma e ao apaziguamento das tensões". Em uma entrevista coletiva conjunta, seu homólogo egípcio, Sameh Shukri, defendeu uma "solução justa" para o conflito israelense-palestino, mais do que nunca paralisado.

O Egito é um mediador histórico nesse conflito. Primeira nação árabe a assinar a paz com Israel, em 1979, e vizinho da Faixa de Gaza, sob bloqueio israelense há mais de 15 anos, o país recebe tanto os chefes de governo israelenses quanto os líderes dos diferentes partidos palestinos.

Após os recentes ataques a Israel, o governo de Netanyahu anunciou medidas para punir familiares dos autores desses atos. As forças israelenses isolaram a casa de parentes de um palestino que matou sete pessoas na sexta (27) diante de uma sinagoga em Jerusalém Oriental e planejam destruir a residência.

O ataque ocorreu um dia após uma incursão israelense ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, durante a qual dez palestinos morreram. Em resposta, foguetes foram lançados da Faixa de Gaza em direção a Israel. Logo depois, o Exército israelense bombardeou o enclave palestino em uma operação classificada de contraterrorismo.

O Parlamento de Israel, por sua vez, votou em raro consenso, ainda que não em unanimidade, a favor de um projeto que, se virar lei, vai permitir que condenados por terrorismo percam a cidadania e a autorização para morar no país. A proposta tem como principal alvo pessoas que recebem um tipo de ajuda financeira da Autoridade Palestina, em geral sob a justificativa de que os beneficiados são vítimas de Israel.

No sábado (28), um palestino feriu dois israelenses em Jerusalém Oriental e, no domingo (29), seguranças israelenses mataram um palestino na Cisjordânia. Nesta segunda, as forças israelenses mataram um palestino em Hebron, no sul da Cisjordânia.

Embora EUA e Egito sejam importantes atores diplomáticos, especialistas avaliam que o espaço de manobra do secretário de Estado americano é limitado. Washington condenou o "atroz ataque" em Jerusalém Oriental e instou Netanyahu e Abbas a "tomarem medidas urgentes para reduzir a tensão", segundo o Departamento de Estado. Em privado, porém, as autoridades americanas não escondem a frustração com a escalada e com o impasse no conflito entre israelenses e palestinos.

Ainda que se espere poucos avanços na frente da desescalada, analistas afirmam que Washington está tentando retomar contatos com Netanyahu. Várias autoridades americanas estiveram em Jerusalém recentemente, e especialistas falam de uma possível visita do premiê à Casa Branca em fevereiro.

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