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China amplia censura a publicações sobre Covid em meio a temor de novo surto de casos

Às vésperas do Ano-Novo Chinês, regime quer coibir 'rumores' para evitar 'pânico social'

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São Paulo

A Administração do Ciberespaço da China (CAC), responsável pela estratégia cibernética do regime de Xi Jinping, anunciou na quarta (18) uma operação para intensificar o controle da circulação de informações sobre vários temas durante o festival ligado ao Ano-Novo Chinês —em especial acerca do coronavírus.

Segundo comunicado da CAC, os objetivos do programa são, entre outros, "retificar informações falsas para evitar sentimentos sombrios" e "evitar enganar a população e provocar pânico social".

Entram na lista, por exemplo, o que o órgão chama de "rumores na internet relacionados à epidemia", bem como a "invenção de experiências de pacientes", o compartilhamento de receitas caseiras contra o vírus e comentários negativos sobre a nova "política de prevenção de epidemias" —uma referência ao conjunto de medidas que, na prática, substitui a Covid zero, encerrada no mês passado.

Passageiros em estação de trem em Shenzhen, na China, às vésperas do Ano-Novo Chinês - CNS - 17.jan.23/via AFP

Marcadas pelo deslocamento de milhões de pessoas, as festividades do Ano-Novo Chinês são um dos feriados mais importantes do país. Oficialmente, vão do próximo domingo (22) a 5 de fevereiro, mas, na prática, podem durar até 40 dias. Neste ano, seu significado é ainda mais importante porque as restrições mais rigorosas impostas pelo regime estão suspensas pela primeira vez desde o início da pandemia.

Ao mesmo tempo, a intensa circulação de pessoas, notadamente das grandes metrópoles para as áreas rurais, é fator de preocupação para Pequim. De acordo com a agência estatal Xinhua, o dirigente Xi Jinping entrou em contato com autoridades provinciais pedindo mais esforços para conter o impacto da doença.

"A prevenção e o controle da epidemia entraram em nova fase, e ainda estamos em um período que requer grandes esforços para suprir as lacunas nas áreas rurais", afirmou Xi, segundo a agência. "As instalações médicas são relativamente fracas nas áreas rurais, portanto a prevenção é difícil, e a tarefa, árdua."

No sábado (14), Pequim admitiu quase 60 mil mortes por Covid em pouco mais de um mês. O balanço contabilizou os óbitos entre 8 de dezembro e 12 de janeiro, abrangendo, portanto, o período que se seguiu ao fim da Covid zero.

Embora a cifra seja mais de dez vezes maior que o total oficial de mortes registrado até então, há indícios de que também esteja subnotificada. O número não inclui, por exemplo, chineses que tenham morrido em casa ou fora dos hospitais —e há relatos de médicos e outros profissionais de saúde que teriam sido pressionados a não incluir o diagnóstico de Covid em atestados de óbito.

A Airfinity, empresa britânica de análise e consultoria em biotecnologia, divulgou levantamento nesta semana apontando estimativa de 608 mil mortes por Covid desde dezembro —a anterior era de 437 mil.

A previsão é que as duas semanas de feriado gerem mais de 62 milhões de novos casos, no que a empresa chamou de uma onda de infeções "maior e mais severa" do que se estimava anteriormente, o que deve intensificar a pressão sobre hospitais e crematórios e potencialmente aumentar a taxa de letalidade.

Segundo autoridades chinesas, o número de casos graves de Covid, que demandam hospitalização e podem levar a óbito, alcançou o pico em 5 de janeiro e começou a cair —40% a menos na terça.

Em 30 de janeiro, Hong Kong também deve abolir a principal restrição contra a Covid. O território não vai mais exigir o isolamento de pessoas infectadas. "Esse é um dos passos mais importantes em direção à normalidade", disse John Lee, chefe-executivo da ex-colônia britânica. O uso de máscaras durante a prática de exercícios, porém, segue obrigatório. Na semana passada, as linhas ferroviárias de alta velocidade entre Hong Kong e a China continental voltaram a funcionar pela primeira vez na pandemia.

Com Reuters

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