EUA ainda consideram Maduro ilegítimo na Venezuela, diz governo Biden

Washington reafirma que só reconhece legitimidade da Assembleia Nacional de 2015 e pede eleições livres

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os EUA continuam a considerar o regime de Nicolás Maduro na Venezuela ilegítimo, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, nesta terça (3), dias após a oposição do país latino-americano deixar de reconhecer Juan Guaidó como presidente interino.

Price falou a repórteres após divulgar comunicado no qual diz que Washington continua a ver a Assembleia Nacional de 2015 como única instituição democrática remanescente na Venezuela.

Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado americano, durante entrevista coletiva em Washington
Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado americano, durante entrevista coletiva em Washington - Manuel Balce Ceneta - 10.mar.22/Pool/Reuters

O conjunto dos deputados eleitos naquele ano, na prática, teve o mandato encerrado em 2020, quando o regime de Maduro realizou um pleito boicotado por críticos e considerado fraudulento por boa parte da comunidade internacional, que não reconhece sua legitimidade.

"O padrão de repressão política e abusos cometidos contra os direitos humanos pelo regime de Maduro, assim como as severas restrições políticas a atores da sociedade civil e à liberdade de expressão, furtaram do povo venezuelano o direito democrático à autodeterminação", diz o comunicado.

O texto ainda insiste na importância de serem realizadas eleições livres em 2024 no país e de que uma agenda para o pleito seja anunciada o mais rapidamente possível por Caracas. O assunto é um dos principais no diálogo retomado em novembro, na Cidade do México, entre regime e oposição.

No último ano, Washington aliviou sanções contra a ditadura —em parte para promover reaproximação diplomática, mas também porque tem preocupações domésticas devido à Guerra da Ucrânia. Em novembro, por exemplo, foram atenuadas punições no setor do petróleo, central na economia venezuelana.

Naquele mês, os EUA anunciaram que voltarão a permitir que a Chevron importe petróleo e derivados produzidos em território venezuelano, desde que o gigante estatal do país de Maduro, a PDVSA, não se beneficie disso. A primeira exportação nesses moldes, relatou a Reuters, ocorreria neste mês.

Acenos têm sido dados por parte de Caracas também. Maduro afirmou, no domingo (1º), que seu país está "totalmente preparado" para um "processo de normalização das relações diplomáticas, consulares e políticas com este governo dos EUA [de Joe Biden] e com os que vierem".

Com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência do Brasil, Washington tem manifestado interesse em usar as conexões do petista com líderes do regime venezuelano para facilitar as tratativas.

Nesta quarta (4), segundo fontes do governo americano ouvidas pela Reuters, o assunto foi um dos presentes nos 40 minutos de conversa entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Antony Blinken. Antes mesmo de assumir o cargo, Vieira afirmou que as relações entre Brasília e Caracas seriam retomadas. O diálogo com o país vizinho, origem do maior fluxo de migrantes e refugiados para o Brasil atualmente, havia sido interrompido pela gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Com AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.