Memphis suspende mais 2 policiais e demite 3 socorristas em caso Tyre Nichols

Agentes punidos estavam envolvidos em abordagem desastrosa que resultou na morte de homem negro nos EUA

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Memphis (EUA) | Reuters

Os bombeiros de Memphis, nos Estados Unidos, anunciaram nesta segunda-feira (30) a demissão de três socorristas acionados para o atendimento de Tyre Nichols, homem negro morto no início de janeiro depois de ser violentamente espancado por cinco policiais, agora acusados de homicídio.

Os cinco agentes também foram demitidos, e outros dois policiais que não estavam presentes no momento das agressões a Nichols foram dispensados de suas funções.

Imagem da câmera corporal dos policiais mostra abordagem violenta a Tyre Nichols em Memphis, nos EUA - Departamento de Polícia de Memphis - 27.jan.23/via AFP

O policial Preston Hemphill e um sétimo agente não identificado foram suspensos do departamento local, embora seus envolvimentos na abordagem desastrosa não tenham sido esclarecidos. Eles não respondem, por enquanto, a nenhuma acusação criminal, mas investigações ainda estão em andamento.

Já os socorristas Robert Long e JaMichael Sandridge "falharam em conduzir uma avaliação adequada do paciente" e, por isso, foram desligados, informou a chefe dos bombeiros de Memphis, Gina Sweat. A tenente do departamento Michelle Whitaker também foi demitida. Ela dirigia a ambulância deslocada ao local das agressões, mas ficou dentro do veículo e não se juntou aos colegas para atender Nichols.

O homem negro de 29 anos morreu três dias depois no hospital em decorrência do que a autópsia independente contratada por seus familiares apontou como hemorragia severa devido às contusões.

Gravações de câmeras corporais da polícia e de um dispositivo instalado em um poste mostram Nichols chamando a mãe enquanto policiais chutavam, socavam e batiam nele com um cassetete. A abordagem que resultou em sua morte ocorreu a cerca de cem metros da casa dela.

A mãe do jovem, RowVaughn Wells, e o padrasto, Rodney Wells, afirmaram nesta segunda que devem comparecer ao discurso anual do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre o Estado da União, em fevereiro. O convite foi feito pelo deputado democrata Steven Horsford, membro do Congressional Black Caucus, ligado à bancada de parlamentares negros.

Segundo o advogado da família, a mãe de Nichols espera que a tragédia possa levar a um "bem maior". O Black Caucus informou que negocia com a Casa Branca a realização de uma reunião para discutir uma reforma policial no país. No sábado (28), o departamento de polícia de Memphis anunciou que encerrou as atividades da unidade responsável pela morte de Nichols.

Em nota, a corporação disse que decidiu desativar o destacamento especializado em crimes de rua após o chefe de polícia conversar com membros da família de Nichols, líderes comunitários e outros agentes.

Depois da divulgação das gravações que registraram o espancamento, Biden descreveu a conduta dos policiais de ultrajante. O presidente ainda cobrou do Congresso a aprovação da lei nomeada em homenagem a George Floyd, que prevê uma série de reformas policiais e ficou travada no Senado. Na sexta (27), ele conversou com os familiares do jovem por telefone e manifestou solidariedade.

O caso tem gerado diversos protestos no país contra o racismo e a violência policial e está sendo comparado ao assassinato de Floyd, em 2020, que também era um homem negro e foi morto após um agente branco de Minneapolis se ajoelhar em seu pescoço por mais de nove minutos. O crime gerou protestos em todo o mundo contra o racismo e a brutalidade policial.

Amigos e familiares afirmam que Nichols era um skatista talentoso que cresceu em Sacramento, no estado da Califórnia, e se mudou para Memphis antes de a pandemia de Covid começar. Pai de uma criança de quatro anos, ele trabalhava na FedEx e estava matriculado em um curso de fotografia.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.