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México envia 200 soldados a fronteira dos EUA após ataque a prisão que deixou 26 mortos e 25 foragidos

Grupo armado abriu fogo contra penitenciária em que estão detidos chefões do tráfico de drogas

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Cidade do México e Ciudad Juárez | AFP e Reuters

O Ministério da Defesa do México anunciou nesta terça-feira (3) o envio de 200 soldados a Ciudad Juárez, na fronteira com os Estados Unidos, para combater o crime organizado. O deslocamento dos militares ocorre dois dias depois de um ataque armado a uma penitenciária na mesma cidade terminar com 26 mortes e a fuga de dezenas de detentos —25 ainda estão foragidos.

A invasão aconteceu na manhã de domingo (1º), quando familiares dos detentos aguardavam para as visitas. Homens armados chegaram à penitenciária Cereso 3 em veículos blindados e abriram fogo contra os guardas. O ataque também foi o gatilho para uma rebelião na prisão e gerou pânico na região.

Segundo o Ministério Público do estado de Chihuahua, a situação só foi controlada cinco horas após o ataque. Quando autoridades federais chegaram para ajudar a restaurar a ordem, encontraram uma "zona VIP" na prisão, em que os detentos tinham acesso a drogas e dinheiro. Alejandro Alvarado Téllez, diretor da Cereso 3, foi exonerado e está sendo investigado sobre possíveis ligações com o ataque.

Militares na penitenciária Cereso 3, palco de um ataque armado em Ciudad Juárez, no México - Jose Luis Gonzales - 3.jan.23/Reuters

Ainda no domingo, 19 pessoas foram mortas —dez guardas da unidade, sete detentos e dois atiradores. Outros sete óbitos foram confirmados nas operações de busca dos foragidos em Ciudad Juárez: cinco suspeitos que teriam atirado contra viaturas e dois funcionários da Agência Estadual de Investigações.

De acordo com nota do Ministério Público, os cinco suspeitos mortos usavam coletes à prova de balas, capacetes e equipamentos táticos. Também foram apreendidas quatro armas longas. Não está clara a relação entre esse grupo e o que atacou a penitenciária. Segundo o secretário da Defesa local, Luis Cresencio Sandoval, cinco criminosos foram recapturados.

Entre os foragidos está o chefe de um grupo aliado ao cartel de Ciudad Juárez em sua guerra contra o de Sinaloa, anteriormente liderado por Joaquín "El Chapo" Guzmán, condenado a prisão perpétua nos EUA.

Trata-se de Ernesto Alfredo Piñón, conhecido como "El Neto". Ele estava preso desde 2009 e, no ano seguinte, foi condenado a mais de 200 anos de detenção por sequestro e homicídio. Um grupo de criminosos já havia tentado libertar Piñón pouco após sua captura, mas não teve sucesso.

Na terça, familiares de prisioneiros fizeram fila do lado de fora da prisão. Ouvidos pela agência de notícias Reuters, eles relataram falta de informação por parte das autoridades locais. Ciudad Juárez fica a cerca de 3 km de El Paso, no estado americano do Texas, e, por isso, é considerada um ponto crucial para o tráfico de drogas tanto para o México quanto para os EUA —e já foi vista como uma das mais violentas do mundo.

O ataque de domingo foi um dos maiores episódios de violência prisional do México nos últimos anos. A mesma Cereso 3 foi palco em 2009 de uma disputa entre grupos rivais que deixou 20 mortos.

Um relatório da Comissão Estatal de Direitos Humanos divulgado em fevereiro do ano passado contabilizou mais de 3.700 detentos na unidade, que tem capacidade para 3.135.

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