Ministro extremista de Israel proíbe bandeiras palestinas em público

Novo governo já havia sido alvo de críticas após Ben-Gvir visitar complexo da mesquita Al-Aqsa

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São Paulo

O novo ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, afirmou neste domingo (8) que orientou a polícia do país a proibir o hasteamento de bandeiras palestinas em público.

Em comunicado, o ministro definiu a exibição das flâmulas como um ato de apoio ao terrorismo. "Criminosos não podem agitar bandeiras terroristas e encorajar o terrorismo. Por isso determinei a remoção do espaço público de bandeiras que apoiem o terrorismo e a interrupção do incitamento contra Israel", afirmou.

Itamar Ben-Gvir participa da reunião semanal do governo do premiê Binyamin Netanyahu, em Jerusalém
Itamar Ben-Gvir participa da reunião semanal do governo do premiê Binyamin Netanyahu, em Jerusalém - Atef Safadi - 3.jan.23/Pool via Reuters

Na última sexta-feira (6), Karim Younes, que estava preso havia 40 anos, comemorou sua libertação agitando uma bandeira palestina. Ele foi condenado pelo sequestro e assassinato de um soldado israelense em 1983.

Em sua cidade natal, Ara, ele foi recebido como herói. Segundo a Associação de Presos Palestinos, Younes foi o palestino que cumpriu a sentença contínua mais longa da história.

A lei israelense não proíbe as bandeiras palestinas, mas a polícia tem o direito de removê-las caso considere que há uma ameaça à ordem pública. Em maio do ano passado, as forças de segurança de Israel reprimiram com golpes de cassetete e bombas de efeito moral os presentes no funeral da repórter da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, morta durante uma operação militar na Cisjordânia. Os soldados agrediram dezenas de palestinos que agitavam bandeiras e cantavam em homenagem à jornalista.

A proibição determinada por Ben-Gvir é divulgada duas semanas depois de os 193 Estados-membros da ONU pedirem um parecer do principal órgão judicial da entidade sobre a ocupação de Israel em territórios palestinos.

Árabes em Israel representam cerca de um quinto da população. A maioria é descendente de palestinos que permaneceram no Estado fundado após a guerra árabe-israelense de 1948.

Ben-Gvir chegou ao ministério após a volta do premiê Binyamin Netanyahu ao poder, no final de 2022. Ele conta com o apoio de siglas ultranacionalistas e membros de extrema direita. Sua campanha prevê a expansão das colônias judaicas na Cisjordânia ocupada, o que pode aumentar ainda mais a tensão.

Na última terça (3), o novo governo foi alvo de críticas após o ministro visitar o complexo da mesquita Al-Aqsa, local sagrado em Jerusalém. O episódio desencadeou uma onda de declarações contrárias —inclusive do Brasil— ao que foi visto como provocação aos palestinos.

De acordo com autoridades de Israel, a visita obedeceu ao acordo que prevê que não muçulmanos podem visitar a mesquita, desde que não rezem no local.

O agora ministro já defendeu o fim da proibição à oração judaica no complexo —membros do seu partido ainda o fazem—, mas tem sido mais evasivo sobre o assunto desde que se aliou a Netanyahu.

Como advogado, Ben-Gvir se especializou em defender ativistas judeus radicais, principalmente em casos ligados a confrontos com árabe-israelenses e palestinos. Ele já foi indiciado várias vezes por incitação ao racismo e fazia parte de um grupo de radicais de extrema direita que rechaça a ideia de tratados com os palestinos —ele celebrou o assassinato de Yitzhak Rabin, idealizador dos Acordos de Oslo.

Com Reuters

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