Descrição de chapéu China Coronavírus

OMS elogia China por vacinação contra Covid e indica mudança de tom

No início do mês, entidade acusou subnotificação da crise sanitária e cobrou de Pequim mais transparência nos dados

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Ribeirão Preto

A diretora de imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS), Kate O'Brien, elogiou a China nesta sexta-feira (20) pelo que chamou de "enorme progresso e esforço" na campanha de vacinação contra a Covid-19 em idosos, tradicionalmente a fatia da população mais vulnerável a casos graves da doença.

Segundo a diretora, Pequim caminha para imunizar todos os idosos com doses primárias e de reforço, ainda que esbarre em dificuldades na comunicação. Isso porque parte da população-alvo na China acha difícil entender as mudanças na política de enfrentamento e hesita em procurar o fármaco.

Profissional de saúde aplica vacina contra a Covid em mulher idosa em Xangai, na China - Brenda Goh - 21.dez.22/Reuters

Ainda que com as ressalvas, a fala de O'Brien muda o tom das declarações da OMS sobre a Covid na China nos últimos meses. Na primeira semana de 2023, uma comissão de especialistas da entidade foi a Pequim e se reuniu a portas fechadas com cientistas locais.

As conclusões apresentadas foram as de que não havia sido identificada nenhuma nova variante do vírus —como temiam nações que impuseram restrições a viajantes chineses—, mas que o país deixava de mostrar o impacto real da nova crise sanitária configurada após o fim da política de Covid zero.

Depois de cobrar mais transparência, a OMS disse ter recebido dados que, na prática, confirmavam a tese de subnotificação. Os números indicavam, por exemplo, uma variação de 7.100% entre o total de mortes confirmadas oficialmente pela China e o apontado pelo levantamento da organização.

A discrepância passava, de acordo com a direção da entidade, pela "definição muito estrita" de morte por Covid usada por Pequim —que atribuía ao coronavírus apenas os óbitos em que havia necessariamente um quadro de insuficiência respiratória.

Entre as críticas e o elogio, a China reabriu suas fronteiras, movimento que traz otimismo para a retomada da economia, mas, ao mesmo tempo, aumenta o temor acerca da alta circulação do vírus. Soma-se a essa preocupação os feriados do Ano-Novo Chinês, marcados pelo deslocamento de milhões de pessoas dos grandes centros urbanos para as áreas rurais, consideradas mais vulneráveis à crise.

Outra mudança importante nesse período foi a admissão por parte de Pequim de quase 60 mil mortes por Covid em pouco mais de um mês a partir do fim das restrições mais severas. O número dez vezes maior do que a cifra oficial registrada até então indicou uma nova mudança no conceito chinês de morte por coronavírus, uma vez que o diagnóstico se estendeu a uma gama mais ampla de pacientes. Ainda assim, estima-se que o total de óbitos permaneça subnotificado.

Autoridades e a imprensa estatal chinesa têm dito nos últimos dias que o pico de casos mais graves já foi alcançado nas grandes cidades, o que indicaria tendência de queda nas novas infecções.

"Já temos métodos de tratamento maduros e medicamentos eficazes para a Covid-19 e devemos fortalecer os arranjos para tratar casos graves", disse nesta quinta-feira (19) a vice-primeira-ministra da China, Sun Chunlan. Em dezembro, às vésperas do fim da Covid zero, política da qual foi a principal articuladora durante três anos, Sun havia prometido uma "abordagem mais humana" da crise sanitária, o que foi visto à época como uma resposta à onda de protestos que se espalhou pela China em novembro.

Com Reuters

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