Descrição de chapéu forças armadas

ONU indica general do Brasil para chefiar missão na República Democrática do Congo

Otávio Rodrigues de Miranda Filho, que hoje atua na Amazônia, vai substituir o também brasileiro Marcos de Sá Affonso da Costa

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São Paulo

A ONU designou mais um brasileiro para o comando da Monusco, a Missão para Estabilização na República Democrática do Congo. O general Otávio Rodrigues de Miranda Filho, que hoje atua na Amazônia, substituirá o atual chefe, Marcos de Sá Affonso da Costa.

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (4), em Nova York, pelo secretário-geral da organização, o português António Guterres. Nos moldes em que está, a Monusco existe desde 2010. A ONU, no entanto, atua na nação africana desde o final da década de 1990.

General Otávio Rodrigues de Miranda Filho em Belém, no Pará - Divulgação

O Conselho de Segurança da ONU, órgão máximo das Nações Unidas e responsável por renovar de forma periódica a operação, atribuiu à Monusco dois objetivos principais: proteger civis e apoiar instituições públicas e grandes reformas de governança e segurança no país.

Um dos principais pontos de preocupação é a atuação do grupo rebelde tutsi M23, que em junho passado capturou a cidade de Bunagana, na fronteira com Uganda, e intensificou seus ataques.

Estimativas do último mês de julho mostram que 14 mil militares atuam na missão. Eles vêm, em sua maioria, de países como Paquistão (2.000), Índia (1.900), Bangladesh (1.600) e África do Sul (1.200).

O Brasil, ainda que não esteja entre os países com maiores efetivos enviados, tem protagonismo. Antes de Miranda Filho e Affonso da Costa, a Monusco foi chefiada por Carlos Alberto dos Santos Cruz, entre 2013 e 2015 —ele também atuou no Haiti. A atuação ajudou a projetar a figura de Santos Cruz, que foi ministro-chefe da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro (PL) antes de romper com o agora ex-presidente.

Segundo o comunicado da ONU, Miranda Filho é comandante militar na Amazônia, onde coordena a logística do fornecimento de suporte a dezenas de organizações militares. Antes, chefiou a área de assuntos internacionais das Forças Armadas, foi chefe do gabinete do Comando Militar do Planalto e adido militar na embaixada do Brasil na China.

Em guerra quase constante desde que conquistou a independência da Bélgica, em 1960, a RDC convive com outros tipos de tensão além da étnica, a exemplo da disputa em torno do coltan, mineral usado em produtos eletrônicos, como aparelhos celulares. O país é um dos que apresentam maior fluxo de migrantes para o Brasil hoje, muitos dos quais em busca de refúgio: de 2010 a 2021, 2.015 congoleses foram registrados no Brasil. O assunto ganhou notoriedade após o assassinato de Moïse Mugenyi Kabagambe, jovem negro espancado até a morte no Rio de Janeiro no início do ano passado.

Ao lado do Brasil e da Indonésia, a República Democrática do Congo integra um plano de cooperação para a proteção de florestas tropicais. A Monusco, ao longo do último ano, foi alvo de protestos de civis.

Em julho, três militares da missão e 12 manifestantes morreram em atos que acusavam a missão da ONU de ineficácia diante de grupos armados ativos no leste do país há quase três décadas. Manifestantes saquearam e destruíram instalações da Monusco em Goma. A ONU disse que o ato poderia configurar crime de guerra e abriu uma investigação.

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