Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia culpa celular de soldados por ataque da Ucrânia que matou ao menos 89 em depósito

Nacionalistas criticam perdas e exigem punição aos comandantes das tropas atingidas

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Moscou | Reuters

O Ministério da Defesa russo apontou nesta terça-feira (3) que o sinal transmitido por celulares usados sem autorização por militares do país ajudou a indicar a localização de um depósito de munições atingido por um ataque feito pela Ucrânia com foguetes de artilharia americanos na véspera do Ano-Novo.

Boletim divulgado pela pasta admite que ao menos 89 reservistas mobilizados por Vladimir Putin para a guerra morreram na ação —na véspera, 63 mortes tinham sido confirmadas. "Já é óbvio que o principal motivo do ocorrido foi o acionamento e o uso maciço de celulares em zona de alcance de armas inimigas."

Russos prestam homenagens a militares mortos em ataque ucraniano na véspera do Ano-Novo
Russos prestam homenagens a militares mortos em ataque ucraniano na véspera do Ano-Novo - Arden Arkman/AFP

Na guerra de versões que permeia o conflito ao longo de quase 11 meses, o Ministério da Defesa da Ucrânia diz que o número de mortes é ainda maior: mais de 400 militares teriam perdido a vida.

A ação ocorreu em Makiivka, cidade contígua a Donetsk, capital da província homônima sob controle de separatistas russos desde 2014. Ali havia um quartel para abrigar alguns dos 320 mil reservistas convocados no ano passado. O ataque foi talvez o pior golpe sofrido pela Rússia desde a campanha de recrutamento, anunciada em setembro. Agora, nacionalistas exigem punição aos comandantes das tropas atingidas, apontando o que seria um erro estratégico: alojar militares ao lado de um depósito de munição.

Homenagens foram feitas nesta terça em várias localidades russas, incluindo Samara, de onde partiram parte dos soldados. Enlutados depositaram flores num memorial improvisado no centro da cidade.

"Não durmo há três dias, Samara não dorme. Estamos constantemente em contato com as esposas de nossos rapazes. É muito difícil e assustador", disse em discurso Iekaterina Kolotovkina, representante de um conselho de mulheres, segundo a agência de notícias russa RIA Novosti. "Mas não podemos nos abalar. Não vamos perdoar e, definitivamente, a vitória será nossa."

O ataque a Makiivka ocorreu no momento em que a Rússia lança ondas de ataques aéreos com mísseis e drones, visando a infraestrutura energética ucraniana em pleno inverno —uma estratégia para ganhar tempo e reorganizar suas forças, além de minar o moral dos adversários. Analistas dizem que a mobilização dos reservistas de Putin, por sua vez, pode dar musculatura ao Kremlin para novas ofensivas.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse em vídeo que os ataques russos dos últimos meses têm o objetivo de "esgotar o povo, as defesas antiaéreas e a energia" do país.

Iurii Ihnat, porta-voz da Força Aérea de Kiev, afirmou à imprensa local que 84 drones controlados pela Rússia foram abatidos nos dois primeiros dias de 2023. Segundo o militar, as Forças Armadas do país estão organizando grupos móveis para interceptá-los, com o uso de jipes e de outros veículos equipados com metralhadoras antiaéreas e holofotes.

Zelenski, cujas forças dependem fortemente de armas e outros equipamentos fornecidos pelo Ocidente, conversou por telefone nesta terça-feira com os premiês da Holanda e do Reino Unido. "Concordamos em intensificar nossos esforços para tornar a vitória mais próxima neste ano", disse o líder ucraniano após conversar com o britânico Rishi Sunak.

No front, os combates mais intensos, descritos pelos comandantes de ambos os lados como um "moedor de carne", concentram-se na cidade de Bakhmut, no leste do país invadido. Segundo o general ucraniano Valeri Zaluzhni, as forças russas estão "tentando avançar sobre os cadáveres de seus próprios soldados".

O governador de Lugansk, que junto com a vizinha Donetsk forma a região russófona do Donbass, disse que as forças ucranianas fizeram avanços na direção de Svatove e Kreminna, controladas pelos russos.

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