Segundo ataque a tiros em três dias na Califórnia deixa ao menos 7 mortos

Suspeito foi detido em estacionamento de delegacia; motivações do crime são desconhecidas

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São Paulo

Ao menos sete pessoas foram mortas a tiros nesta segunda (23) em Half Moon Bay, na Califórnia, nos EUA. É o segundo ataque com arma de fogo e múltiplas vítimas em três dias no estado —no sábado (21), ainda madrugada de domingo (20) no Brasil, um homem matou 11 pessoas numa boate de Monterey Park.

Os crimes desta segunda aconteceram por volta das 14h20 (19h20 em Brasília) em duas fazendas próximas de Half Moon Bay, a 48 km de San Francisco. As vítimas não tiveram as identidades reveladas, mas a vereadora Debbie Ruddock afirmou que eram trabalhadores agrícolas chineses.

Suspeito é detido após ataques em Half Moon Bay, na Califórnia
Suspeito é detido após ataques em Half Moon Bay, na Califórnia - KGO/Reuters

Entre os mortos há seis homens e uma mulher. Outra pessoa foi baleada e permanece internada em estado crítico. O suspeito, identificado como Zhao Chunli, 67, foi detido. Ele foi encontrado em um carro, no qual havia uma arma, no estacionamento de uma delegacia e levado sem oferecer resistência. A motivação dos ataques está sendo investigada —testemunhas afirmam que ele trabalhou em uma das fazendas.

Os crimes se dão no momento em que a população local vive o luto das mortes no ataque em Monterey Park, onde 65% da população tem ascendência asiática. Pelo menos 11 pessoas morreram e 9 ficaram feridas no episódio. Embora os dois ataques tenham semelhanças —os atiradores foram homens de origem asiática mais velhos— ainda não se sabe se os casos estão de alguma forma relacionados.

"Há duas horas encontrei colegas nos degraus do Capitólio para uma vigília pelas vítimas de Monterey Park", escreveu nas redes sociais Marc Berman, deputado da Califórnia. "Antes mesmo de termos a chance de lamentar por eles, há mais um ataque, desta vez em Half Moon Bay."

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, contou que estava no hospital com vítimas da ação anterior quando recebeu a notícia dos novos crimes. "Tragédia sobre tragédia", lamentou.

O presidente Joe Biden afirmou que as autoridades locais receberão assistência para que os casos sejam esclarecidos e disse que mais uma vez apresentou ao Legislativo propostas para controle de armas. "Sabemos que o flagelo da violência armada nos EUA exige uma ação mais forte. Mais uma vez, exorto as casas do Congresso a agir rapidamente e tomar medidas para manter comunidades, escolas e locais de trabalho seguros", disse, em nota.

No ano passado, o presidente sancionou uma lei bipartidária que prevê maior checagem de antecedentes de compradores de armas e destina recursos a programas de saúde mental. Ele pressiona ainda para restringir o acesso a armas pesadas, como fuzis, mas enfrenta resistência no Congresso —republicanos dizem que propostas nesse sentido atacam a Segunda Emenda da Constituição.

O ataque em Monterey Park provocou uma onda de medo entre asiático-americanos e pôs em risco a realização das festividades do Ano-Novo Lunar nos EUA. As motivações do ataque também são desconhecidas. O suspeito, Huu Can Tran, 72, de origem asiática, suicidou-se após ter sido cercado pela polícia.

Nesta segunda, testemunhas afirmaram que o homem deu aulas de dança no local do crime e que tinha comportamento agressivo.

Os casos aumentam o histórico de massacres com armas no país. Segundo a ONG Gun Violence Archive, que acompanha a violência armada nos EUA, foram registrados 40 tiroteios em massa —quando quatro ou mais pessoas são baleadas— desde o início do ano até esta terça (24), uma média de 1,66 por dia.

De 2018 a 2021, o número de ataques provocados por atiradores nos EUA dobrou, segundo relatório do FBI divulgado em maio. No primeiro ano do levantamento foram 30 ações provocadas por um ou mais indivíduos com a intenção de matar em áreas populosas. Em 2021, esse número subiu para 61.

Ainda segundo a Gun Violence Archive, houve 354 ataques a tiros com vítimas fatais no ano passado. Mais de 44 mil pessoas morreram devido a armas de fogo no país em 2022, mais da metade das quais por suicídio. Os EUA têm mais armas do que pessoas: um a cada três adultos possui ao menos um artefato do tipo e quase um a cada dois adultos vive em uma casa onde há uma arma.

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