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Área queimada por incêndios no Chile aumenta 6 vezes, e número de mortes chega a 24

Ajuda internacional, prevista para chegar neste domingo, inclui aviões e equipes especializadas de combate a incêndios

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Santiago | AFP e Reuters

Bombeiros trabalharam ao longo de todo este domingo (5) para conter dezenas de incêndios florestais no Chile. O dia foi marcado por números crescentes, com o de mortos em decorrência do fogo passando a 24, o de feridos chegando a 1.182 e o de áreas atingidas superando os 270 mil hectares —seis vezes mais em comparação ao que fora registrado na sexta-feira (3).

As porções de floresta queimada nos últimos cinco dias equivalem a pouco menos da metade do tamanho do Distrito Federal brasileiro e incluem a destruição completa de 1.081 casas, segundo relatórios oficiais divulgados neste domingo.

Moradores de Tomé, na região de Biobio, limpam escombros de casas atingidas por incêndios florestais no Chile - Agencia Uno - 5.fev.23/Xinhua

A ajuda internacional inclui aviões e equipes especializadas de combate a incêndios, enviados por países como Brasil, Argentina, Uruguai, Equador, Venezuela, México e EUA. A Espanha disponibilizou um avião com 50 tripulantes, entre especialistas, militares e pilotos de drones.

Além de residências, os incêndios queimaram florestas e propriedades agrícolas situadas em três regiões no centro-sul, próximas à costa do Pacífico. O cenário na região tem terrenos reduzidos a cinzas, animais mortos e camponeses que perderam tudo —quase 1.500 pessoas foram deslocadas para abrigos.

O governo emitiu declarações de emergência para regiões de Biobío, Ñuble e La Araucanía, em um esforço para acelerar o socorro. Todas abrigam extensas áreas de mata e fazendas que cultivam uvas e outras frutas para exportação. Também são marcadas pela pobreza e pela violência dos conflitos entre as comunidades indígenas mapuches, o Estado e empresas.

Segundo o subsecretário do Interior, Manuel Monsalve, 26 dos 997 feridos estão em estado grave. O presidente Gabriel Boric, que cancelou as férias de verão devido ao caso, acompanhou o velório de um bombeiro na cidade de Coronel. "O Chile inteiro chora com vocês. Estou aqui para lhes dizer que não estão sozinhos", afirmou o político.

Cerca de 260 focos de incêndio continuam ativos, segundo autoridades, com 28 deles considerados especialmente perigosos. Os epicentros são os povoados de Purén, em La Araucanía, e Tomé e Santa Juana, ambos em Biobío.

Nesta última morreram 10 das 24 vítimas —5 eram membros da mesma família, segundo a AFP. Uma assistente social da região, identificada pela agência de notícias apenas como María Inés, 55, comparou a situação a um inferno. "É um milagre que algumas casas tenham escapado de virar cinzas, não consigo entender como", disse. "Mas, sem água, onde vamos nos esconder? Como?"

O povoado de 13 mil pessoas está a 50 km da capital regional, Concepción, que por sua vez fica a 510 km de Santiago.

Uma onda de calor vem dificultando os esforços para extinguir as chamas, já que as temperaturas nas áreas mais afetadas ultrapassaram os 40°C.

Na manhã deste domingo, porém, a queda das temperaturas parecia dar um alívio aos 5.300 brigadistas destacados para o combate ao fogo. "Estamos em uma pequena janela de melhora das condições meteorológicas até amanhã [segunda-feira, 6]", disse Monsalve, alertando que os termômetros podem voltar a bater 40°C na terça-feira (7).

A situação, longe de ser controlada, lembra a catástrofe ocorrida na região em 2017, quando 11 morreram e cerca de 6.000 ficaram desabrigadas nos incêndios que queimaram mais de 450 mil hectares e destruíram 1.500 casas. Como naquele ano, os focos começaram em áreas agrícolas e florestais e progrediram até ameaçar e destruir áreas povoadas.

Para especialistas, fortes ondas de calor como a que atinge o Chile têm relação com o agravamento da crise climática —que multiplica a ocorrência de eventos extremos no planeta. No sábado, a ministra do Interior do Chile, Carolina Tohá, reforçou essa associação.

"Estamos nos tornando um dos territórios mais vulneráveis a incêndios, devido, principalmente, à evolução das mudanças climáticas em nosso território. Isso faz com que o que parecia uma situação extrema três anos atrás seja superado ano após ano", ressaltou. "Foi queimado em uma semana no Chile o que era queimado em um ano inteiro."

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