Descrição de chapéu China Governo Biden

China diz que balões dos EUA invadiram seu território mais de 10 vezes desde 2022

Washington nega a acusação, que se dá após derrubada de série de artefatos do tipo pelo Pentágono

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São Paulo

Balões dos Estados Unidos sobrevoaram o território da China mais de dez vezes desde janeiro de 2022, afirmou o porta-voz da chancelaria do país asiático, Wang Wenbin, nesta segunda-feira (13).

"Desde o ano passado, balões de alta altitude dos EUA operaram mais de dez voos ilegais no espaço aéreo chinês sem a aprovação das devidas autoridades", disse ele ao responder a perguntas de um jornalista.

O suposto balão espião chinês cai em direção ao oceano após ser derrubado da costa de Surfside Beach, na Carolina do Sul, nos EUA
O suposto balão espião chinês cai em direção ao oceano após ser derrubado da costa de Surfside Beach, na Carolina do Sul, nos EUA - Randall Hill - 4.fev.23/Reuters

Wang não detalhou se os balões americanos foram usados para fins de espionagem, acusação feita pelo Pentágono em relação a artefatos chineses semelhantes. "A primeira coisa que os americanos deveriam fazer é olhar para si mesmos e alterar seus modos, não manchar [a reputação alheia] e incitar o confronto."

Washington negou as acusações, dizendo, em nota, que elas nada mais eram que uma tática de controle de danos de Pequim. A Casa Branca ainda afirmou que o regime ainda não ofereceu justificativas factíveis para a presença de balões nos EUA e em outros 40 países em que supostamente teriam sido avistados.

A falta de informações mais precisas sobre os objetos abatidos pelos Estados Unidos neste fim de semana gerou especulações de que os artefatos teriam origem extraterrestre, algo negado, em tom jocoso, pela porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, nesta segunda-feira. "Não existe nenhuma indicação de atividades alienígenas ou extraterrestres relacionadas aos objetos abatidos", afirmou ela logo no início de entrevista coletiva. "Eu amo o filme 'E.T.', mas vou parar por aqui."

Nesta segunda, Alexus Grynkewich, comandante da Central de Forças Aéreas, responsável por ações da aeronáutica americana no Sudoeste Asiático, disse que balões chineses foram detectados sobrevoando o Oriente Médio e o Afeganistão nos últimos anos, sem detalhar os objetos ou eventuais incidentes.

A disputa retórica se dá em um momento de acirramento das tensões entre as duas potências, depois que um balão chinês foi detectado no espaço aéreo americano no início do mês. Os EUA sustentam que o equipamento —que sobrevoou uma base militar em Billings, em Montana, que abriga silos de mísseis balísticos intercontinentais— foi enviado pela China para espionagem. Pequim, por sua vez, diz que se tratava de um instrumento de monitoramento para fins de pesquisa, sobretudo estudos meteorológicos.

Desde o incidente, uma série de outros objetos voadores não identificados foram observados sobre a América Latina, o Canadá e os EUA. Segundo Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos americanos, os episódios integram uma tendência mais ampla de aumento de monitoramento dos países que integram o grupo por parte da China e também da Rússia.

John Kirby, porta-voz da Casa Branca, disse que o presidente Joe Biden tem feito reuniões de inteligência sobre o assunto desde junho de 2021, além de se comunicar com o Congresso a respeito do tema.

O Pentágono afirma ter derrubado três balões detectados no espaço aéreo americano e canadense nos últimos dias. No domingo, mirou um artefato de estrutura octogonal que sobrevoava o Lago Huron, na fronteira com o Canadá; no sábado, um objeto em Yukon, no extremo norte canadense, foi alvo de um esforço conjunto de Washington e Ottawa; e, na última sexta-feira, um balão que sobrevoava o Alasca a 12 km de altitude foi tirado de circulação por trazer riscos à aviação civil.

Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional afirmou que nenhum desses objetos se parecem com o balão chinês derrubado no início do mês, recusando-se a caracterizá-los até que os destroços sejam recuperados. Kirby, por sua vez, disse em entrevista coletiva nesta segunda que os restos desses objetos caíram em áreas remotas de difícil acesso, mas que as buscas continuam. Enquanto isso, a China afirmou ter detectado um artefato do tipo perto da cidade portuária de Qingdao, também no domingo.

Os casos recentes contribuíram para deteriorar as relações sino-americanas e para o adiamento de uma visita do responsável pela diplomacia americana, o secretário Antony Blinken, à China. Pesa também a expansão da presença militar dos Estados Unidos no Sudeste Asiático, que acontece de forma paralela às ameaças da China contra Taiwan, ilha que Pequim considera uma província rebelde.

Na semana passada, o regime chinês classificou de "totalmente irresponsáveis" as falas de Biden sobre o líder chinês, Xi Jinping. "Você consegue pensar em algum outro líder mundial que trocaria de lugar com Xi Jinping? Não é uma brincadeira. Não consigo pensar em nenhum", disse o presidente americano em entrevista ao programa PBS NewsHour. "Esse homem tem problemas enormes. Também tem muito potencial, mas, até agora, sua economia não está funcionando muito bem."

No mesmo dia, a China disse ter recusado um telefonema do secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin. Ele queria falar com seu homólogo chinês, Wei Fenghe, após o primeiro balão ser derrubado. Pequim justificou a decisão dizendo que a medida foi irresponsável e não criou um clima "propício ao diálogo".

Com AFP e Reuters

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