Descrição de chapéu China América Latina

Colômbia diz que suposto balão sobrevoou país após tensão entre EUA e China por espionagem

Washington havia citado objeto em espaço aéreo da América Latina; militares derrubaram equipamento na Carolina do Sul

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Bogotá | AFP e Reuters

O governo da Colômbia confirmou neste domingo (5) que avistou um objeto que aparentava ser um balão passando por seu território, horas depois de os Estados Unidos citarem a observação de um segundo artefato do tipo, atribuído a atividades de espionagem da China, sobrevoando a América Latina.

O assunto dominou as discussões políticas dos últimos dias em Washington. Na tarde de sábado (4), um caça da Força Aérea americana abateu um balão chinês na costa da Carolina do Sul. O caso gerou uma contenda diplomática, com o adiamento de uma viagem do secretário de Estado, Antony Blinken, e motivou uma resposta dura de Pequim.

Caça americano passa por balão chinês acusado por Washington de espionagem, na região de Surfside Beach, na Carolina do Sul, antes de abate - Randall Hill - 4.fev.23/Reuters

"O fato de os EUA terem insistido no uso de força armada é claramente uma reação excessiva, que viola convenções internacionais", disse a chancelaria, em comunicado. "A China vai defender os direitos e interesses legítimos da empresa envolvida e se dá ao direito de responder no futuro." Pequim vinha dizendo que o objeto era civil e que sua presença no espaço aéreo americano era "totalmente acidental".

Neste domingo, a Força Aérea colombiana disse que um equipamento "com características similares às de um balão" do tipo foi identificado na manhã de sexta (3) e monitorado até que deixasse o território do país. De acordo com o comunicado, o artefato estava a 55 mil pés (16,7 km) de altura —nos EUA, o balão abatido voava a 60 mil pés (18 km).

Ele teria sido visto na região norte, na costa atlântica.

A corporação acrescentou que não acredita que a peça avistada pelo Sistema de Defesa Aérea do país tenha representado uma ameaça à segurança nacional ou à aviação civil, mas destacou que vai realizar "as investigações pertinentes, com diferentes países e instituições, para determinar a origem do objeto".

No sábado, um porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA tinha citado um segundo "balão de espionagem chinês" sobre a América Latina, sem detalhar a localização ou mencionar o país em que o equipamento teria sido avistado —destacando apenas que aparentemente ele não se dirigia a território americano.

Segundo a agência de notícias Reuters, nenhum outro governo da América Latina confirmou a presença de balões não identificados, embora moradores da Costa Rica e da Venezuela tenham postado nas redes sociais imagens do que seriam artefatos do gênero nos últimos dias.

A agência de aviação civil costa-riquenha afirmou que o órgão recebeu relatos nesse sentido e notificou as autoridades e aeronaves. "Foi o mesmo que todos viram: um balão branco", afirmou o chefe da entidade, Fernando Naranjo. Caracas, aliada de Pequim, apenas fez coro às queixas quanto à ação dos EUA.

O suposto balão espião de alta altitude que disparou nova crise entre Washington e Pequim entrou pela primeira vez em uma zona de identificação dos EUA em 28 de janeiro. Três dias depois, passou ao espaço aéreo canadense e voltou ao americano no dia 31. Só na quinta (2) o Pentágono afirmou ter detectado o item, avistado pela primeira vez nas ilhas Aleutas, no Alasca.

O presidente Joe Biden havia dado ordens para os militares derrubarem o balão o mais rápido possível, mas as autoridades de defesa precisaram esperar até que ele passasse a sobrevoar o oceano Atlântico, sob risco de destroços atingirem áreas civis —o artefato teria o tamanho equivalente a três ônibus.

O balão percorreu uma trajetória diagonal pelo país ao longo de sete dias, e a permanência prolongada sobre território americano provocou reações dentro e fora do governo, com Washington sustentando que ele claramente violava a soberania dos EUA.

A descoberta confundiu especialistas em segurança, que afirmam que, embora ambos os países tenham usado satélites para se vigiarem mutuamente, balões soam como uma tática de espionagem algo amadora: as imagens que eles conseguem produzir não são muito mais valiosas em termos de informações do que aquelas produzidas do espaço.

Para alguns analistas, então, o artefato seria na realidade uma provocação política.

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