Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

EUA insinuam que China pretende enviar armas à Rússia para Guerra da Ucrânia

Declaração sem evidências de chefe da diplomacia americana se dá após reunião tensa com seu homólogo sobre crise dos balões

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São Paulo

A tensa reunião entre os chefes da diplomacia dos Estados Unidos e da China no sábado (18), durante a Conferência de Segurança de Munique, não versou apenas sobre a crise dos balões, estopim do mais recente conflito diplomático entre as duas maiores potências mundiais.

Antony Blinken, secretário de Estado americano, afirmou ter usado a ocasião também para alertar seu homólogo chinês, Wang Yi, de que um eventual apoio do país asiático à Rússia na Guerra da Ucrânia, com o envio de armamentos, teria "graves consequências" para as relações entre as nações.

Wang Yi, principal diplomata chinês, e Antony Blinken, secretário de Estado americano, participam de reunião em Nusa Dua, na ilha de Bali, na Indonésia
Wang Yi, principal diplomata chinês, e Antony Blinken, secretário de Estado americano, participam de reunião em Nusa Dua, na ilha de Bali, na Indonésia - Stefani Reynolds - 17.jan.23/AFP

O chefe da diplomacia americana repetiu a fala em uma entrevista à NBC News programada para ir ao ar neste domingo (19), segundo a agência de notícias Reuters. Nela, afirmou, sem apresentar evidências, que Washington suspeita que Pequim planeja fornecer auxílio material a Moscou para o conflito.

"Há vários tipos de assistência letal que eles estão ao menos contemplando providenciar, incluindo armas", disse ele, acrescentando que a Casa Branca deve divulgar mais detalhes em breve.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, os EUA acreditam que o gigante asiático possa já estar passando informações oriundas de espionagem para o Grupo Wagner, empresa militar privada russa descrita por muitos como mercenarismo que tem atuado junto ao Exército russo no conflito.

Não se sabe qual foi a resposta de Wang à fala de Blinken durante a reunião. Antes, em um debate na conferência, o diplomata asiático havia defendido a atuação de seu país na Guerra da Ucrânia, afirmando que a China "não ficou de braços cruzados nem jogou lenha na fogueira". "Sugiro que todos comecem a pensar calmamente, em especial nossos amigos na Europa, sobre que tipos de esforços podemos empreender para acabar com essa guerra". E acrescentou, sem nomear as partes, que "algumas forças aparentemente não querem que as negociações sejam bem-sucedidas, ou que a guerra acabe logo".

Wang ainda anunciou que a China pretende divulgar uma proposta de paz para o conflito no dia 24, quando a invasão completa um ano. Segundo ele, o plano foi apresentado para Alemanha, França e Itália e reforça a necessidade de manter os princípios de respeito à soberania e à integridade territorial ao mesmo tempo em que faz ponderações sobre os pleitos russos em relação à segurança de seu território.

Pequim é um dos maiores aliados de Moscou, com quem celebrou uma "amizade sem limites" dias antes do início do conflito. Apesar de ter criticado a guerra, aludindo a uma retórica mais generalista de defesa da paz e de uma solução política, nunca condenou publicamente Vladimir Putin pela invasão. Também se desvencilhou de pedidos da comunidade internacional para que se posicione de forma mais dura.

A troca de advertências entre os diplomatas dos EUA e da China acontece em um momento delicado da relação entre as duas potências. O estopim da crise mais recente foi o anúncio pelo Pentágono da descoberta de um balão chinês sobrevoando o território americano no início do mês, às vésperas de uma viagem de Blinken ao país asiático. Washington afirma que o objeto seria um instrumento de espionagem, enquanto Pequim insiste que o balão é um equipamento de pesquisas, sobretudo meteorológicas.

Ambas as partes reiteraram seus entendimentos durante a Conferência de Munique —na véspera do encontro bilateral com Blinken, Wang, o diplomata chinês, chegou a chamar a atitude dos EUA de derrubar o balão de "absurda e histérica". No domingo, voltou a afirmar que os americanos precisam remendar os prejuízos que o episódio causou às relações diplomáticas entre as duas potências.

Enquanto isso, a viagem de Blinken a Pequim, cujo objetivo era justamente tentar apaziguar as tensões, segue sem data para acontecer. A crise dos balões se soma a um caldeirão de instabilidades que incluem desde planos do novo presidente da Câmara dos Deputados dos EUA de visitar Taiwan à expansão militar americana no Sudeste Asiático e o cerco comercial a empresas de tecnologia chinesas.

Com Reuters

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