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EUA condenam ex-secretário do México por receber propina do cartel de Sinaloa

Acusado de traficar cocaína, Genaro García Luna pode ser condenado a prisão perpétua

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Nova York | AFP e Reuters

O ex-secretário de Segurança do México Genaro García Luna foi declarado culpado nesta terça (21) por um júri dos EUA por acusações de tráfico de drogas que podem levá-lo a prisão perpétua. Ele se diz inocente.

Os doze membros do júri de Nova York consideraram García Luna culpado de enviar toneladas de cocaína do México para os Estados Unidos quando era secretário da Segurança, entre 2006 e 2012 —uma das responsabilidades de seu cargo era combater o tráfico de drogas.

Então secretário de Segurança do México, Genaro García Luna em reunião com a Comissão de Direitos Humanos no Senado, na Cidade do México
Então secretário de Segurança do México, Genaro García Luna em reunião com a Comissão de Direitos Humanos no Senado, na Cidade do México - Tomas Bravo - 29.nov.12/Reuters

Os crimes imputados são participação em empreendimento criminoso, formação de quadrilha para distribuição, posse e importação de drogas e falsificação de documentos. Sua mulher, Cristina Pereyra, e seus dois filhos estavam presentes na hora do veredicto, que veio após três dias de deliberações. O julgamento se estendeu por quase quatro semanas no Tribunal Federal do Brooklyn.

Ex-funcionário mexicano de mais alto escalão a ser julgado em um caso do tipo nos EUA, García Luna foi acusado de proteger o cartel de Sinaloa, de Joaquín "El Chapo" Guzmán, em troca de subornos de milhões de dólares. Sua audiência de sentença está marcada para 27 de junho.

A promotoria o acusa de ter ajudado a introduzir cerca de 53 toneladas de cocaína nos EUA. Segundo a procuradora Saritha Komatireddy, ele "usou sua posição oficial no governo para ganhar milhões de dólares das pessoas que deveria processar". Para o Ministério Público, o engenheiro mecânico de 54 anos era um "parceiro criminoso" do cartel de Sinaloa. Já a defesa do mexicano o chama de a "cara da guerra" que travou contra o narcotráfico no governo de Felipe Calderón (2006-2012).

García Luna atuou em colaboração com as agências antinarcóticos e de inteligência dos EUA como parte da repressão aos cartéis. Ele se mudou para os EUA após deixar o cargo e foi preso no Texas em 2019.

Várias das testemunhas, ex-membros proeminentes do cartel de Sinaloa, como Jesús "Rey" Zambada, Sergio Villarreal "El Grande" ou Óscar "Lobo" Valencia —que colaboram com o sistema de Justiça dos EUA em troca de sentenças reduzidas—, garantiram que haviam pagado milhões de dólares ao réu.

Sem a colaboração do alto escalão do governo mexicano, a operação multimilionária do cartel, que utilizava trens, aviões, navios, contêineres e até submarinos para importar toneladas de drogas da América do Sul por meio de aeroportos —principalmente o da Cidade do México—, portos ou rodovias com destino final aos Estados Unidos, "teria sido impossível de ser realizada", afirmou a procuradora.

A defesa tentou desqualificar muitas das testemunhas por se beneficiarem de redução de penas em troca de colaboração com a Justiça. Os advogados de García Luna também tentaram convencer o júri de que não há provas de que o ex-secretário tenha recebido dinheiro.

Cesar de Castro, advogado de defesa, retratou García Luna como um homem de família trabalhador e disse em seu argumento final que os acusadores de seu cliente tinham "motivos incríveis para mentir".

Jesus Ramírez, porta-voz do atual presidente do México, Andrés Manuel Lopez Obrador, disse no Twitter que "a Justiça chegou para o ex-escudeiro de Calderón; os crimes contra o povo nunca serão esquecidos".

Após a condenação de García Luna, Calderón expressou profundo choque e disse que não sabia o que seu ex-secretário da Segurança teria feito. El Chapo, líder do cartel de Sinaloa, foi condenado a prisão perpétua em 2019 após sua condenação no Brooklyn por tráfico de drogas e acusações de conspiração para assassinato. Ele está detido em uma prisão de máxima segurança no Colorado.

Seu filho, Ovidio Guzmán, foi capturado em janeiro em Culiacán, no estado de Sinaloa, em uma operação que deixou 29 mortos. Conhecido como El Ratón, Guzmán é acusado de liderar a facção Los Menores.

O narcotraficante foi transferido para a capital, Cidade do México, e está sob responsabilidade da promotoria especializada em crime organizado. Ele já havia sido preso em 2019, mas foi solto horas depois, em uma concessão das autoridades para conter a violência.

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