Mortes causadas por novos terremotos na Turquia sobem a 6

Sismos deixaram outras 300 pessoas hospitalizadas; na também atingida Síria, feridos são 150, segundo Capacetes Brancos

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São Paulo

O número de mortes provocadas pelos tremores que atingiram a região da fronteira entre Turquia e Síria na segunda (20) subiu a seis, segundo a Afad, Autoridade de Gestão de Emergências e Desastres turca.

Os sismos, de magnitudes 6,4 e 5,8, ocorrem duas semanas após um outro terremoto matar mais de 47 mil pessoas na região. A Afad afirmou que o novo tremor levou à hospitalização de cerca de 300 pessoas.

Já na região de Aleppo, na Síria —uma das mais devastadas pela guerra civil que assola o país há mais de 12 anos—, há ao menos 150 feridos, de acordo com estimativa feita pelos Capacetes Brancos.

Soldados vigiam construções colapsadas após novos terremotos em Antáquia, capital da província de Hatay, no sul da Turquia - Thaier Al-Sudani/Reuters

O primeiro terremoto desta segunda teve seu epicentro na cidade turca de Defne, em Hatay, às 20h04 do horário local (14h04 no horário de Brasília), e foi fortemente sentido na capital da província, Antáquia. Três minutos depois, um tremor secundário de magnitude 5,8 foi registrado em Samandag, também em Hatay.

Outros dois tremores de magnitude 5,2 foram registrados na sequência —de acordo com as autoridades, foram 90 abalos secundários no total. Além disso, os sismos foram sentidos ainda no Egito e no Líbano.

Entre os mortos na Turquia estão três pessoas que ficaram presas sob os escombros ao tentarem recuperar pertences, mesmo após a Afad advertir a população a não retornar a construções atingidas.

Segundo o ministro do Interior Suleyman Soylu, equipes de resgate ainda tentam encontrar sobreviventes, uma vez que operações do tipo continuam a ocorrer na província, uma das mais afetadas pelo terremoto anterior. Na maioria das outras regiões atingidas, no entanto, os trabalhos foram suspensos.

Ancara registrou mais de 6.000 tremores secundários nas últimas duas semanas. Até aqui, porém, eles não haviam desencadeado novas cenas de destruição, como se vê desta vez. Nesta terça, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que pretende levar à Justiça os responsáveis pelas mais de 41 mortes registradas no país após os tremores. "É nosso dever", disse em visita à província de Osmaniye.

O governo culpa empreiteiros e construtores pelo desabamento de vários prédios durante o sismo, acusando-os de não cumprir códigos implementados após um desastre semelhante em 1999.

O que o líder turco não cita é que, em 2018, o governo que comanda concedeu anistia a responsáveis por construções irregulares pouco antes das eleições daquele ano. A medida fazia parte de um pacote de perdão de dívidas, e bastava aos proprietários de imóveis com alguma anormalidade se inscrever em um site no qual eram solicitados documentos pessoais e informações do imóvel, além de pagar uma taxa que seria calculada de acordo com o valor da construção e da área. Assim, o imóvel seria considerado regularizado, teria multas perdoadas e poderia acessar as redes de energia, água e gás.

Agora, a catástrofe acontece às portas das eleições gerais, inicialmente marcadas para 14 de maio, e a resposta de Erdogan à tragédia, considerada insuficiente por muitos, deve influenciar seu desempenho.

Em Antáquia, os novos tremores levantaram nuvens de poeira sobre a cidade já arruinada. Paredes de edifícios já danificados desabaram, enquanto várias pessoas pediam ajuda, aparentemente feridas.

Ali Mazlum, 18, procurava os corpos das famílias de sua irmã e de seu cunhado junto à Afad quando sentiu o chão tremer. "Agarramo-nos uns aos outros enquanto as paredes caíam à nossa frente. Parecia que a terra estava se abrindo para nos engolir", contou ele à agência de notícias AFP.

Em Samandag, mais relatos de prédios colapsados —a maior parte da população, porém, já havia fugido após os primeiros sismos. Escombros e móveis descartados cobriam as ruas escuras e abandonadas.

O ministro da Saúde da Turquia, Fahrettin Koca, afirmou que postos médicos que tinham continuado a funcionar depois dos tremores iniciais de 6 de fevereiro foram esvaziados agora, em razão do surgimento de rachaduras em suas paredes. Foi o caso de um hospital de Antáquia, por exemplo, em que pacientes da UTI foram levados de ambulância a centros médicos de campanha.

Na Síria, moradores de Aleppo e de Idlib, bastante afetadas pelo terremoto do início do mês, entraram em pânico ao sentir novos tremores. Abdulkafi al-Hamdo, militante da oposição ao regime de Bashar Al-Asad, contou à Al Jazeera que muitos habitantes da região ficaram feridos ao sofrerem acidentes tentando escapar. Alguns chegaram a pular de suas varandas. "As pessoas não estão seguras aqui."

À mesma emissora a Sociedade Médica Síria-Americana, que administra hospitais no norte do território, disse ter atendido diversos pacientes que tiveram ataques cardíacos após os sismos. Muitos moradores da área saíram de suas casas e se reuniram em áreas abertas. A imprensa local reportou que prédios colapsaram em ambas as cidades e que serviços de energia e internet caíram em partes da região.

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