Descrição de chapéu Mundo leu

Documentário reúne teorias sobre avião desaparecido da Malaysia Airlines

Dividido em três episódios, material disponível na Netflix retrata acidente inconclusivo que ocorreu há nove anos na Ásia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O acidente foi há nove anos, mas não se sabe ao certo o que aconteceu. O voo MH370 da Malaysia Airlines desapareceu misteriosamente no oceano Índico na madrugada de 8 de março de 2014.

O Boeing 777 transportava 227 passageiros e 12 tripulantes. Decolou pouco depois da meia-noite de Kuala Lumpur, capital da Malásia, e deveria aterrissar à 6h30 em Pequim, na China.

Familiares de passageiro do voo 370 da Malaysia Airlines choram em hotel perto do aeroporto internacional de Kuala Lumpur
Familiares de passageiro do voo 370 da Malaysia Airlines choram em hotel perto do aeroporto internacional de Kuala Lumpur - Edgar Su - 19.mar.14/Reuters

O assunto é tratado pela diretora Louise Malkinson em documentário da Netflix. A série de três episódios é inconclusiva, mas percorre com isenção todas as teorias, até as mais conspiratórias, como a de atentado da Rússia ou de serviços secretos americanos.

A história da aviação civil tem acidentes parecidos em que as vítimas sumiram. Mas o voo MH370 foi o primeiro a unir extrema curiosidade —oficial e da mídia— com a ação de amadores qualificados que formaram grupos para trocar descobertas pela internet.

As buscas pelos destroços foram extensas. Três dias após o desaparecimento, 40 barcos e 34 aviões de 14 países foram mobilizados.

Uma das primeiras incógnitas está na interrupção de toda a comunicação externa tão logo o avião sobrevoou o Vietnã e marcou posição com a torre do aeroporto de Ho Chi Minh.

Envolvidos disseram que ou ocorreu explosão a bordo ou choque com meteorito, ou o comandante Zaharie Ahmad Shah deliberadamente se isolou.

Poderia haver uma tentativa bem-sucedida de suicídio, arrastando mais de duas centenas de vítimas. Mas era um homem sensato e um feliz pai de família. E se ele praticou um atentado? Menos verossímil ainda, porque não deixou manifesto contra o regime da Malásia.

Um ano depois do acidente, o perfil do piloto foi vasculhado por Florence de Changy, correspondente do francês Le Monde em Hong Kong. Ela nada encontrou, mas diz ter sido contatada por uma fonte da comunidade de informações que lhe contou que, no momento em que os contatos do avião cessaram, a região era sobrevoada por dois Awacs, aviões-radares dos EUA.

De Changy publicou em 2021 um livro em que acusa esses aparelhos de terem desligado as comunicações do Boeing 777, para que em seguida um caça disparasse contra ele um míssil. As causas: 2,5 toneladas de equipamento eletrônico que não passaram pela alfândega de Kuala Lumpur e que, por razões militares desconhecidas, a China não poderia receber.

Changy não envolveu o Le Monde em suas descobertas. Quem concorda com ela é o empresário francês Ghislain Wattrelos, que perdeu no acidente a mulher e dois filhos. Ele acionou a Justiça de seu país, em processo emperrado depois que os serviços secretos americanos se negaram a dar esclarecimentos.

Outro personagem inconclusivo foi Jeff Wise, jornalista americano especialista em aviação. Sua tese: o avião foi sequestrado por três russos que pousaram ou caíram no Cazaquistão.

E, de fato, uma empresa holandesa de rastreamento por satélite verificou que o Boeing se desviou de seu curso, rumando —ela não soube precisar– para o norte ou para o sul. O Cazaquistão fica ao norte.

E se foi para o sul? É o que diz acreditar o aventureiro americano Blaine Gibson, que encontrou destroços de um Boeing 777 —sem provas de que fossem do voo 370— na ilha francesa de La Reunion. Ele achou outros pedaços em Madagascar.

Acontece que um dos pedaços deveria trazer um número de matrícula que sumiu. É pouco verossímil que, com mais sorte que a força-tarefa internacional, o aventureiro tenha encontrado pedaços do avião depois de caminhar por duas horas numa praia.

Fato é que nenhuma dessas pessoas passou pelo crivo do chamado Grupo Independente, os 12 especialistas que se uniram desde o início do caso para investigar o mistério.

A única pessoa que os independentes não desmoralizaram foi Cindy Hendry, especialista em aerofotografias que mapeou o litoral do Vietnã onde o avião poderia ter caído. Ela encontrou manchas que poderiam ser da parte dianteira da cabine. Disse que, na época, disparou emails e distribuiu fotografias nas redes sociais. Ninguém prestou atenção.

Nem por isso o mistério se resolve com Hendry. Nunca se encontrou a caixa preta, e, quatro anos e meio depois do acidente, o governo da Malásia encerrou as investigações. Seu relatório final traz um dolorido ponto de interrogação.

Voo 370: O Avião que Desapareceu

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.