Descrição de chapéu China

EUA voltam a provocar China com acordo milionário de venda de armas a Taiwan

Proposta é aprovada por Washington em momento em que Pequim intensifica incursões sobre zona de defesa aérea da ilha

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Taipé | Reuters

Uma proposta aprovada pelos EUA nesta quarta-feira (1º) permite que Taiwan compre até US$ 619 milhões (cerca de R$ 3,2 bilhões) em armas do país. O acordo adiciona outra camada de tensão às já acirradas relações entre Washington e Pequim. A China vê ações do tipo como um desrespeito à sua soberania —o país asiático considera a ilha uma província rebelde e parte inalienável de seu território.

O argumento foi evocado pela chancelaria chinesa na quinta-feira, em seu encontro regular com a imprensa. Na ocasião, uma das porta-vozes da pasta, Mao Ning, afirmou que o regime se "opõe firmemente" à proposta americana, que vai contra os seus interesses de segurança nacional.

Caça da força aérea suíça dispara míssil AMRAAM, um dos modelos oferecidos pelos EUA a Taiwan
Caça da força aérea suíça dispara míssil AMRAAM, um dos modelos oferecidos pelos EUA a Taiwan - Departamento de Defesa da Suíça via Reuters

O acordo ainda é firmado em um momento em que Pequim intensifica suas incursões sobre a zona de defesa aérea taiwanesa. Só nesta quinta-feira o Ministério da Defesa de Taipé identificou 21 caças chineses próximos ao seu território; na véspera, tinham sido 19.

Nenhuma das aeronaves cruzou, porém, a mediana do Estreito de Taiwan. O limite serve como uma espécie de fronteira não oficial entre a ilha e a China continental e vem sendo atravessado por aviões da ditadura comunista quase diariamente desde agosto passado —quando uma visita de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos EUA e autoridade americana mais alta a visitar o território em 15 anos, abriu uma crise diplomática entre Washington e Pequim.

O Ministério da Defesa de Taiwan disse que as armas que pretende comprar servirão justamente para "defender de forma efetiva o espaço aéreo", de modo a lidar com as "ameaças e as provocações" da China. Entre os equipamentos que o território pode adquirir estão 200 mísseis AMRAAM, de alcance médio, e cem mísseis antirradiação HARM, projetados para eliminar a defesa antiaérea inimiga.

As principais empresas fornecedoras das armas são a Raytheon Technologies e a Lockheed Martin —ambas são alvo de sanções da China. Já o Pentágono afirmou que a potencial transação comercial pode contribuir ainda para a segurança regional e a realização de operações conjuntas com os EUA.

Como a maior parte da comunidade internacional, Washington não mantém laços diplomáticos formais com Taipé. A ilha viveu sob influência chinesa até 1949, quando os nacionalistas derrotados pelos comunistas durante a guerra civil no país fugiram para o território e ali forjaram um governo capitalista.

Ainda assim, os americanos continuam sendo o maior aliado estrangeiro de Taiwan —além de principal fornecedor de armas. As duas administrações vêm se aproximando nos últimos três anos, período em que o regime chinês passou a pressionar a ilha para aceitar o domínio do continente sobre o seu território.

A China não comentou suas últimas ações militares perto de Taiwan. Em janeiro, porém, afirmou que os exercícios militares que havia organizado ao redor do território tinham como objetivo servir de recado para as provocações de separatistas e de "forças externas" —leia-se os EUA.

As relações entre Pequim e Washington atingiram um de seus momentos mais críticos nas últimas semanas, após anos de tensões constantes motivadas por questões como o cerco comercial dos EUA a empresas de tecnologia chinesas e a expansão militar americana no Sudeste Asiático.

O último capítulo dessa crise foi a alegação dos EUA, sem apresentar provas, de que suspeita que a China planeja fornecer auxílio material à Rússia na Guerra da Ucrânia —o que Pequim nega veementemente.

Os chineses são os maiores aliados de Moscou, com quem celebrou uma "amizade sem limites" dias antes do início do conflito. Apesar de ter criticado a guerra, aludindo a uma retórica mais generalista de defesa da paz, nunca condenou publicamente Vladimir Putin pela invasão. Também se desvencilhou de pedidos da comunidade internacional para que se posicione de forma mais dura.

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