Papa Francisco diz que celibato na Igreja Católica pode ser revisto

Pontífice afirmou a portal argentino que não há contradição em um padre se casar e deu exemplos de igrejas orientais

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São Paulo

O papa Francisco disse que o voto de celibato, ou seja, comprometer-se a não se casar ou manter relações sexuais com outrem, pode ser revisto pela Igreja Católica. A declaração foi publicada na sexta-feira (10), em uma entrevista ao portal argentino Infobae —às vésperas das celebrações de dez anos de seu pontificado, completados na segunda-feira (13).

Ao ser questionado sobre o assunto, o pontífice disse que não acredita que o fim da exigência do celibato a padres aumentaria o ingresso de pessoas no sacerdócio. Ele defendeu, porém, que não haveria contradição em um padre se casar.

Papa Francisco acena da janela do palácio apostólico durante a oração semanal, no Vaticano
Papa Francisco acena da janela do palácio apostólico durante a oração semanal, no Vaticano - Tiziana Fabi - 12.mar.23/AFP

"O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporária: não sei se está resolvido de uma forma ou de outra, mas é provisório nesse sentido; não é eterno como a ordenação sacerdotal, que é para sempre, goste você ou não," afirmou.

Francisco também citou exemplos de igrejas orientais, que segundo ele permitem que seus sacerdotes se casem. "Todos da Igreja oriental são casados. Ou quem quiser. Lá eles fazem uma escolha antes da ordenação: há a opção de se casar ou ser celibatário", disse.

Apesar da declaração, o pontífice não deu detalhes sobre uma eventual mudança da regra católica. Em 2019, ele havia afirmado que atualizar a norma não era uma opção, com exceção de lugares muito remotos em que haveria uma "necessidade pastoral", caso das ilhas do Pacífico ou da Amazônia segundo ele.

Na mesma entrevista, o papa disse ter esperança de que o regime de Nicolás Maduro na Venezuela seja modificado. Ao ser questionado sobre as acusações da ONU de que a ditadura venezuelana promove violações de direitos humanos contra dissidentes, Francisco afirmou que "as circunstâncias históricas vão forçá-los [cúpula do regime] a mudar sua forma de dialogar".

Além disso, o papa afirmou que o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, teria "um desequílibrio", e comparou o regime do país da América Central à ditadura comunista na União Soviética e ao regime nazista de Adolf Hitler.

"Com muito respeito, não tenho escolha a não ser pensar em um desequilíbrio na pessoa que lidera [Daniel Ortega]. Lá temos um bispo preso, um homem muito sério, muito capaz. Ele queria dar seu testemunho e não aceitou o exílio. É uma coisa que foge ao contexto do que estamos vivendo, é como se ele estivesse trazendo a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura hitlerista de 1935", disse o papa.

Em agosto, a polícia da Nicarágua prendeu o bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, e outras sete pessoas —quatro sacerdotes, dois seminaristas e um funcionário da diocese. Desde então, Francisco vem pedindo publicamente pela soltura deles.

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