Descrição de chapéu Governo Biden

Campanha pró-Biden na TV mira estados-chave para tentar reconstruir 'muralha' democrata

Do lado republicano, Trump e Ron DeSantis se digladiam em publicidade em busca de candidatura

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Washington

A campanha na TV pela reeleição do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, começou com anúncios em três dos estados mais importantes para a disputa no país: Wisconsin, Michigan e Pensilvânia.

O PAC (sigla para comitê de ação política, grupo para arrecadar recursos e dar apoio político que não é necessariamente ligado ao candidato) Unite the Country (una o país) lançou no dia seguinte ao anúncio da candidatura uma peça focada nos três estados que outrora fizeram parte da chamada "muralha azul".

O presidente dos EUA, Joe Biden, durante evento nos jardins da Casa Branca, em Washington - Jim Watson - 24.abr.23/AFP

É assim que são conhecidos os estados em que a vitória de candidatos democratas é praticamente garantida. Mas em 2016 os três deram vitórias, ainda que apertadas, a Donald Trump sobre Hillary Clinton e foram considerados cruciais para a vitória do republicano. Michigan, Wisconsin e Pensilvânia somam 46 dos 270 votos necessários para se eleger dentro do sistema de Colégio Eleitoral americano, em que o candidato vence a eleição de acordo com o peso do estado, proporcional à sua população.

Biden conseguiu retomá-los para os democratas em 2020, mas com margem estreita. Em Michigan, venceu Trump por 2,8 pontos percentuais. Na Pensilvânia, 1,2 ponto. Em Wisconsin, o mais apertado deles, com apenas 0,6 ponto. Por isso, esses estados se tornaram campos de batalha cruciais para os democratas, para além de outros estados-pêndulo, cujos resultados são ainda menos previsíveis.

A peça do Unite the Country elenca realizações do presidente, como o limite do aumento de medicamentos para idosos, retorno de fábricas que haviam se instalado na China e o investimento trilionário em infraestrutura por meio do pacote Build Back Better —setores importantes para a região do chamado Cinturão da Ferrugem, que se desindustrializou nas últimas décadas.

O anúncio também se soma a outra propaganda do PAC Priorities USA, o maior do campo democrata, que começou a veicular uma peça na TV para promover o presidente. De acordo com o site Politico, o grupo pretende gastar US$ 75 milhões (R$ 376 milhões) neste ciclo eleitoral, focando também Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, além de Arizona, Geórgia e Nevada, outros estados-chave para a campanha.

A estratégia digital tende a ser ainda mais crucial para Biden, que concorrerá prestes a completar 82 anos e que, por óbvio, não tem o mesmo vigor para longas viagens e eventos com milhares de apoiadores.

O lançamento de sua candidatura, por exemplo, com um curto vídeo em redes sociais, contrasta com o anúncio feito por Donald Trump no ano passado, em um comício em Mar-a-Lago, na Flórida. O ex-presidente também tem feito uma série de comícios pelo país. Após o anúncio, Biden não teve um evento de campanha, mas uma agenda oficial de presidente, na sede de uma central sindical.

Dado a gafes, Biden também tem falado menos com a imprensa. Nos primeiros dois anos de mandato, deu 54 entrevistas. No mesmo período, foram 202 de Donald Trump e 275 de Barack Obama, de acordo com dados da Universidade da Califórnia e do jornal The New York Times. Também deu menos entrevistas coletivas à imprensa: 21 nos primeiros dois anos contra 39 de Trump e 46 de Obama.

Já a campanha de TV do lado republicano está aquecida há algumas semanas, com primárias que prometem ser acirradas devido à disputa entre Trump e o governador da Flórida, Ron DeSantis.

Um anúncio veiculado na Fox News e na CNN diz que, "quanto mais se conhece DeSantis, mais se sabe que ele não compartilha nossos valores", alegando que ele pretende cortar benefícios da Previdência.

Na sequência, o mesmo grupo pró-Trump veiculou outra peça afirmando que DeSantis "adora meter a mão em lugares errados", brincando com a notícia de que o governador comia pudim com as mãos.

DeSantis reagiu, e um grupo favorável a ele colocou no ar, no dia 16, anúncio questionando as acusações dos trumpistas. "Trump está sendo atacado por um promotor democrata em Nova York, então por que ele está gastando milhões atacando o governador republicano da Flórida?", diz o anúncio, afirmando que o ex-presidente "rouba páginas do manual Biden-Pelosi [ex-líder da Câmara], ao repetir mentiras".

O líder da Flórida ainda não formalizou sua candidatura, que, apesar de aguardada, se enfraqueceu após o indiciamento de Trump, depois que o ex-presidente recebeu apoio de partidários.

Nesta quarta, outro nome se somou à disputada lista republicana: o do ex-governador do Arkansas Asa Hutchinson, que lançou sua candidatura à Casa Branca.

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