Chanceler da Rússia visitará Cuba e Venezuela após passar pelo Brasil

Serguei Lavrov realiza viagens na segunda quinzena de abril

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São Paulo

Depois de passar pelo Brasil, nos próximos dias 17 e 18, o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, irá à Venezuela e a Cuba, segundo a Folha apurou.

A viagem ao Brasil do ministro, há quase 20 anos à frente da diplomacia russa, foi acertada em encontro com o chanceler Mauro Vieira na Índia, em reunião do G20, em março. Depois, ele se encontrou com Celso Amorim, assessor da Presidência para política externa, em Moscou.

O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, chega para reunião com diplomatas da China no Kremlin, em Moscou
O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, chega para reunião com diplomatas da China no Kremlin, em Moscou - Vladimir Astapkovitch - 21.mar.23/Sputnik via AFP

As ditaduras lideradas pelo venezuelano Nicolás Maduro e pelo cubano Miguel Díaz-Canel são duas das poucas aliadas da Rússia em fóruns internacionais, como as Nações Unidas, votando contra ou se abstendo em discussões que visam condenar a invasão russa da Ucrânia.

No Brasil, Lavrov deve falar sobre o conflito no Leste Europeu após o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defender a ideia ainda pouco concreta de uma espécie de clube da paz para interromper a guerra —o assunto foi tratado durante a ida de Amorim ao Kremlin.

A agenda econômica também estará nas tratativas. Em 2022, segundo relatou a agência estatal de notícias Tass, o volume de suprimentos agrícolas russos enviados ao Brasil cresceu 2,5 vezes. O país de Vladimir Putin teria enviado US$ 128 milhões em produtos agroindustriais ao Brasil.

"Assim, a nação latino-americana se junta aos 50 maiores compradores de alimentos russos devido a essa dinâmica", diz uma nota do Ministério da Agricultura da Rússia mencionada pela Tass.

O chanceler também deve falar sobre o Brics, o bloco de países que Rússia e Brasil integram ao lado de África do Sul, China e Índia. Em recente reunião com embaixadores do bloco, Lavrov pediu, ainda segundo a Tass, que haja esforços para conter "ações destrutivas do Ocidente".

"Lavrov enfatizou a necessidade de esforços conjuntos para combater as ações destinadas a destruir a arquitetura de segurança estabelecida que estão sendo realizadas de acordo com as políticas neocoloniais de países ocidentais", disse a chancelaria russa em um comunicado.

Ainda durante a corrida eleitoral brasileira, Putin disse, em resposta a um questionamento da Folha durante evento em Rogozinino, na Rússia, que tinha boas relações com Lula e com Jair Bolsonaro (PL).

Desde que o petista voltou ao Planalto, Moscou tem recebido acenos brasileiros, em especial com a proposta do "clube da paz". Os gestos têm sido criticados por alguns especialistas, segundo os quais o governo Lula 3 não tem feito o mesmo movimento em relação à Ucrânia.

No início de março, Lula e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, conversaram por videochamada. O petista foi convidado por Zelenski para visitar Kiev e disse que iria em um momento oportuno. Ele também sinalizou disposição de intermediar negociações de paz.

Zelenski havia criticado o Brasil, ainda durante o governo Bolsonaro, pela neutralidade do país na guerra. Já no governo Lula, Brasília negou um pedido da Alemanha para fornecer munição de tanques que seria repassada por Berlim à Ucrânia na guerra.

Mais recentemente, durante um café com jornalistas na última semana, Lula disse que o Brasil se opõe à guerra, uma vez que ela representa a violação da integridade territorial de um país, mas também deu a entender que Zelenski terá de tornar suas exigências mais enxutas.

"Putin não pode ficar com terreno da Ucrânia. Talvez nem se discuta a Crimeia. Mas o que ele invadiu de novo, vai ter que repensar", afirmou na ocasião. Já Zelenski não pode também ter tudo o que ele pensa que vai querer", acrescentou ele.

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