Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Escritor nacionalista pró-guerra da Ucrânia é ferido em explosão de carro na Rússia

Zakhar Prilepin sofreu fraturas nas pernas; ele se vangloria de já ter participado de combates no país invadido

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São Paulo

A explosão de um carro na Rússia matou uma pessoa neste sábado (6) e feriu o escritor nacionalista Zakhar Prilepin, defensor ferrenho da ofensiva de seu país contra a Ucrânia, iniciada há 14 meses.

O caso ainda está sendo investigado, mas o Ministério de Relações Exteriores da Rússia especulou que a Ucrânia estaria por trás da explosão. Maria Zakharova, porta-voz da chancelaria, afirmou sem provas que o episódio caracteriza um ato de terrorismo com "responsabilidade direta" dos EUA e do Reino Unido.

"Washington e a Otan alimentaram outra célula terrorista internacional —o regime de Kiev", escreveu Zakharova no Telegram. A Casa Branca e o governo britânico não se manifestaram sobre a acusação.

Carro que transportava o escritor Zakhar Prilepin destruído em Nizhni Novgorod, na Rússia
Carro que transportava o escritor Zakhar Prilepin destruído em Nizhni Novgorod, na Rússia - via Reuters

Autoridades afirmaram que o carro do modelo Audi Q7, de Prilepin, explodiu na região de Nizni Novgorod, cerca de 400 km a leste de Moscou. A pessoa que morreu não teve a identidade revelada, mas, segundo investigações, era motorista do escritor. O Ministério do Interior anunciou que um suspeito foi preso.

O romancista Prilepin, 47, sofreu ferimentos nas pernas e está hospitalizado. O governador da região de Nizhni Novgorod disse que ele tem pequenas fraturas e que não corre risco de morte.

O escritor é defensor da Guerra da Ucrânia e costuma se vangloriar de já ter participado de combates no país vizinho. Veterano das guerras da Tchetchênia, na década de 1990, Prilepin tem livros traduzidos para vários idiomas. Desde 2014 ele defende os separatistas pró-Rússia que atuam no Donbass, no leste da Ucrânia, e viaja com frequência à região. Também é apoiador do presidente russo, Vladimir Putin.

O escritor foi a terceira personalidade pública pró-guerra alvo de bomba desde a invasão de Moscou, iniciada em fevereiro de 2022. No mês passado, uma explosão em um café de São Petersburgo matou o blogueiro russo pró-Putin Vladlen Tatarski. Antes, em agosto, Daria Dugina foi morta em uma explosão de carro em Moscou. Ela era filha do controverso filósofo Aleksandr Dugin, um dos principais arquitetos da expansão territorial da Rússia. O governo russo atribuiu responsabilidade à Ucrânia nos dois casos.

Vários ataques de drones e atos de sabotagem foram registrados em território russo nas últimas semanas. O Kremlin acusa Kiev pelas ações, ao mesmo tempo em que cresce a expectativa por uma contraofensiva ucraniana a poucos dias das comemorações de 9 de maio na Rússia, data em que os russos celebram a vitória das tropas soviéticas contra a Alemanha nazista.

Durante o inverno europeu, a Ucrânia reforçou suas defesas antiaéreas, inclusive com sistemas Patriot dos EUA. A maioria dos combates se concentra na região de Donbass, no leste do país, em particular na cidade de Bakhmut –os russos ocupam cerca de 80% do município.

Também neste sábado, Kiev anunciou ter derrubado pela primeira vez um míssil hipersônico russo. A interceptação teria acontecido durante uma onda de ataques de Moscou na madrugada de quinta (4). O general Mikola Oleshchuk afirmou que a destruição do míssil Kinzhal foi um acontecimento histórico. Em 2018, Putin afirmou que o armamento era "ideal", por sua dificuldade em ser interceptado.

Segundo a Força Aérea ucraniana, o míssil foi derrubado em Kiev graças ao sistema americano de defesa antiaérea Patriot, um dos mais avançados do mundo e que foi fornecido por aliados ocidentais.

O líder ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que o sistema fortaleceria de forma significativa as defesas do país. Mais tarde, autoridades da Rússia anunciaram a derrubada de um míssil balístico ucraniano sobre a Crimeia —península anexada por Moscou após a queda do governo pró-Kremlin da Ucrânia em 2014.

Com Reuters e AFP

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