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Pobres foram removidos para embelezar a Cidade do Cabo, acusam ativistas
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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Moradores pobres na Cidade do Cabo foram removidos de albergues e prédios invadidos perto de estádios e pontos turísticos e realocados em Blikkiesdorp, um assentamento de barracões de ferro ondulado cercado por um muro de concreto, informa o jornal americano "The Washington Post", após denúncias de ativistas de direitos humanos.
O motivo para estarem ali? "A Copa do Mundo", responde ao jornal Shirley Fisher, 41, que foi retirada de um albergue perto de um estádio onde as estrelas do futebol treinam.
Segundo o "Washington Post", ativistas de direitos humanos acusam as autoridades sul-africanas de forçarem milhares de pobres a mudaram-se para Blikkiesdorp e outros assentamentos, para apresentar uma boa imagem durante a Copa.
"Estamos vivendo em um campo de concentração", diz ao jornal Padru Morris, 47, outro morador.
Em Blikkiesdorp, milhares de pessoas vivem em barracões de um cômodo, cada um ocupado por entre cinco e sete pessoas, que têm de dividir as camas. Quatro barracões dividem um banheiro e uma torneira, segundo a reportagem.
Como o local fica longe do centro, os moradores reclamam que é muito caro se locomover e que não têm dinheiro para levar seus filhos à escola ou ao médico, informa o jornal.
"Esse é um depósito de lixo para pessoas", disse Jane Roberts, uma moradora e ativista da Campanha Contra Expulsão do Oeste do Cabo. "É como o apartheid, apenas praticado por caras novas", disse ao jornal.
Blikkiesdorp foi construído há dois anos para pessoas que ocupavam prédios ilegalmente, e autoridades de Cidade do Cabo dizem que o lugar serve como "área de realocação temporária" até que se consiga construir moradias apropriadas, diz o jornal.
"Reconhecemos que Blikkiesdorp não é uma solução perfeita, mas é o que podemos fazer com os recursos existentes", disse Kylie Hatton, porta-voz de uma subprefeitura, em entrevista ao "Washington Post". Ela defende que ninguém foi "removido deliberadamente" de nenhuma região por causa da Copa.
Em março, a enviada especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para moradias adequadas, Raquel Rolnik, reportou que cidades como Cidade do Cabo estavam priorizando "embelezamento acima das necessidades dos moradores locais".
Segundo o jornal, a Anistia Internacional também reportou casos crescentes de assédio de policiais contra os pobres, incluindo expulsão de sem-tetos e de moradores de ruas de áreas próximas a localidades da Copa e destruição de "moradias informais".
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