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Ex-premiê britânico manteve reunião secreta com ditador líbio, diz jornal
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DA EFE, EM LONDRES (REINO UNIDO)
DE SÃO PAULO
O jornal britânico "Daily Mail" afirma em sua edição deste sábado que o ex-premiê Tony Blair manteve reuniões secretas com Muammar Gaddafi, dias depois de negar em público que trabalha como assessor do ditador líbio.
A denúncia deve ampliar as suspeitas em torno da libertação do líbio Abdel Basset Al Megrahi, condenado e preso pelo atentado de Lockerbie. O Senado dos Estados Unidos investiga evidências de que houve grande lobby da gigante petrolífera British Petroleum (BP) para facilitar um acordo de US$ 900 milhões para exploração de petróleo com a Líbia.
Segundo o jornal, que cita uma fonte líbia anônima, Blair foi recebido como um irmão em Trípoli e deu a Gaddafi "muitos e valiosos conselhos". Os dois teriam discutido assuntos de âmbito nacional e internacional, incluindo oportunidades de negócio.
O jornal diz que a reunião ocorreu em junho, pouco depois de Blair negar ser assessor "assalariado ou sem salário" do ditador. Enviado do Quarteto para o Oriente Médio, Blair teria grandes conflitos de interesse se fosse efetivamente assessor de Gaddafi.
A polêmica, contudo, remonta ainda de sua época como premiê. Em maio de 2007, Blair elogiou o acordo de exploração de petróleo entre a BP e a Libya Investment Corp. como um marco da relação entre os dois países e chegou a abraçar Gaddafi, após duas horas de reunião em uma tenda.
Parentes dos 270 mortos no atentado de Lockerbie (Escócia), citados pelo "Daily Mail", criticaram duramente a reunião de Blair com Gaddafi.
No mesmo mês, Reino Unido e Líbia assinaram um memorando de entendimento para negociar acordos de extradição, assistência legal mútua, aproximação civil e comercial e transferência de presos.
Pouco mais de um ano depois, em 17 de novembro de 2008, os dois países assinaram o acordo para a transferência de presos --ratificada pelo Parlamento no ano passado.
A polêmica libertação de Megrahi foi decretada em agosto passado pelo governo escocês por motivos humanitários, já que ele teria um câncer de próstata em fase terminal --e no máximo três meses de vida. O ex-agente dos serviços secretos foi recebido como herói na Líbia. Em julho de 2010, professor Karol Sikora examinou Megrahi para o governo líbio e disse ao jornal "Sunday Times" que o líbio poderia viver mais dez anos.
Megrahi foi o único condenado pelo ataque a bomba contra o voo 103 da Pan Am sobre Lockerbie, que deixou 270 mortos em 1988, a maioria americanos. Ele foi sentenciado à prisão perpétua por uma corte especial escocesa, em 2001.
Pouco após sua libertação, a BP reconheceu em comunicado que pediu ao governo britânico que acelerasse a transferência de um prisioneiro da Líbia em 2007, lembrando que a demora poderia trazer consequências negativas aos interesses comerciais britânicos.
Agora, a BP ressalta que não falou especificamente no caso de Megrahi e que a ratificação do acordo de exploração com a BP era apenas um dos muitos interesses comerciais envolvidos no processo.
Nesta sexta-feira, o chanceler britânico, William Hague, qualificou de "erro" a libertação de Megrahi.
O governo britânico sempre defendeu que a libertação de Megrahi era uma decisão exclusivamente escocesa, na qual não poderia interferir. A Escócia tem poderes legais dentro do sistema britânico.
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