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27/07/2010 - 09h04

Austrália investigará vazamento de documentos da guerra no Afeganistão

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DA FRANCE PRESSE, EM SYDNEY
DE SÃO PAULO

O governo da Austrália ordenou nesta terça-feira uma investigação interna de defesa sobre o vazamento de mais de 91 mil páginas de documentos secretos dos militares americanos sobre a guerra do Afeganistão, no site Wikileaks. O país quer descobrir se as informações divulgadas colocam em risco as operações das tropas estrangeiras no Afeganistão.

A premiê australiana, Julia Gillard, cujo governo mantém cerca de 1.550 militares no país asiático, disse estar preocupada com o que chamou de "um vazamento de material de segurança nacional".

"Esta é uma questão que envolve esse país, porque questões relacionadas com o povo australiano são tratadas nesses documentos", disse Gillard a repórteres.

Gillard disse ainda que o governo australiano e a oposição serão informados das descobertas por funcionários de defesa.

A Austrália enviou soldados ao Afeganistão desde 2001, quando a guerra contra o grupo islâmico Taleban foi lançada pelos Estados Unidos. O país é mencionado em alguns dos milhares de documentos publicados no domingo passado.

Nesta segunda-feira, O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, afirmou nesta segunda-feira em entrevista coletiva que os documentos secretos trazem até mesmo evidências de crimes de guerra.

O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, denunciou na segunda-feira ainda que o governo australiano está investigando ele e outros membros da sua equipe, a pedido dos Estados Unidos.

CRIMES DE GUERRA

Assange afirmou nesta segunda-feira em entrevista coletiva que os documentos secretos trazem até mesmo evidências de crimes de guerra.

Ele afirmou ainda que, até agora, tudo o que havia sido divulgado sobre a guerra era apenas um "arranhão na superfície" e comparou a divulgação com a abertura dos arquivos da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental.

Neste domingo, o site postou milhares de registros militares americanos de seis anos da guerra contra o grupo islâmico Taleban --de janeiro 2004 a dezembro de 2009--, incluindo incidentes não reportados de assassinato de civis e operações secretas contra nomes do alto escalão taleban.

Tanto a Casa Branca quanto o governo britânico e o paquistanês condenaram a divulgação dos dados. Os EUA, contudo, não negaram a autenticidade dos documentos, que revelariam bastidores muito mais cruéis do que eles gostariam de divulgar ao público.

Assange disse ainda que não há motivos para duvidar da veracidade dos documentos, mas "assim como lidar com qualquer fonte, você deve exercer bom senso". "Isto não significa que você deva fechar os olhos", disse.

A ideia do site é divulgar material o mais amplamente possível com completo anonimato das fontes, que fazem uploads anônimos e protegidos.

REVELAÇÕES

Entre as informações que vieram a público, os documentos afirmam que centenas de civis foram mortos sem conhecimento público e oficial pelas tropas de coalizão no Afeganistão, planos secretos para exterminar líderes extremistas do Taleban e Al Qaeda e a discussão do suposto envolvimento de Irã e Paquistão no apoio a insurgentes eram temas recorrentes aos líderes militares.

Os documentos informam que pelo menos 195 civis foram mortos e outros 174, feridos. O número, contudo, pode ser subestimado porque, em muitas missões, as tropas omitem esse tipo de acontecimento.

Erros que ocasionaram morte de civis também incluem o dia em que soldados franceses bombardearam um ônibus cheio de crianças em 2008, matando 8. Uma ronda similar feita pelas tropas norte-americanas matou 15 passageiros.

Os documentos também apontam o extermínio de uma vila durante uma festa de casamento, incluindo uma mulher grávida, em um aparente ataque de vingança.

Os EUA também acobertaram que o Taleban adquiriu mísseis aéreos, e que escondeu um massacre perpetrado pelo grupo terrorista devido ao uso de bombas, que dizimaram mais de 2.000 civis até então.

As tropas no Afeganistão mantinham ainda uma unidade de 'caçadores' para 'matar ou capturar' líderes do Taleban sem julgamento.

Os documentos foram vazados primeiramente aos jornais britânico "Guardian", o alemão "Der Spiegel" e o norte-americano "The New York Times".

O jornal britânico também revelou documentos secretos que comprovam o desenvolvimento dessas ações pelas tropas de coalizão.

 

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