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ONG nega que equipe assassinada no Afeganistão pregasse cristianismo
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A ONG cristã Missão de Assistência Internacional (IAM, na sigla em inglês) negou neste domingo as acusações do grupo islâmico radical Taleban de que a equipe médica a serviço da entidade, morta na véspera, estaria fazendo pregações religiosas no Afeganistão.
Os corpos crivados de balas de cinco homens, todos americanos, e de três mulheres --uma americana, uma britânica e a terceira alemã-- foram encontrados na Província montanhosa de Badakhshan (nordeste). Dois homens afegãos morreram no mesmo ataque e um escapou com vida ao dizer que era muçulmano e citar o Corão.
O Taleban assumiu o ataque ao estilo execução e alegou que os estrangeiros carregavam bíblias traduzidas para o Dari, uma das principais línguas afegãs. O argumento é de que os médicos foram mortos porque estavam pregando o cristianismo.
"A acusação é completamente sem base. Eles não estavam carregando nenhuma bíblia, exceto, talvez, suas bíblias pessoais", afirmou Dirk Frans, diretor-excutivo da IAM.
INVESTIGAÇÃO
Os corpos foram trasladados de helicóptero neste domingo para a capital Cabul, onde a polícia, auxiliada pela diplomacia americana, do Reino Unido e da Alemanha, país de origem dos estrangeiros, tenta identificar as vítimas.
Até agora, só foram confirmadas as identidades de dois médicos: a britânica Karen Woo, que deixaria o país em breve para se casar, e o americano Tom Little.
Frans afirmou neste sábado que a equipe médica foi assassinada quando regressava de uma visita a uma comunidade da vizinha Província de Nuristão. A equipe esteve no local a convite das comunidades locais, para uma missão de duas semanas. Eles dirigiram até a Província, deixaram o veículo na estrada e andaram por horas pelas montanhas até chegar ao vale Parun.
A equipe, formada de médicos, enfermeiras e pessoal de logística foi atacada no caminho de volta a Cabul. Eles decidiram viajar por Badakhshan por achar mais seguro, disse Frans.
Frans disse ter perdido contato com o líder da missão, o optometrista Little, na quarta-feira (5). Na sexta-feira (6), um terceiro membro afegão da equipe, que sobreviveu ao ataque, ligou para reportar as mortes. Há ainda um quarto afegão que sobreviveu porque escolheu uma rota diferente por morar em Jalalabad.
Segundo Frans, dois membros trabalhavam para a IAM, dois eram ex-membros e quatro eram afiliados com outras organizações. Outra ONG, Bridge Afghanistan, disse em seu site a médica Woo, de Londres, trabalhava para a organização.
EXECUTADOS
A polícia encontrou os corpos na noite desta sexta-feira, no distrito remoto de Kuran Wa Munjan, na Província de Badakhshan. Junto aos corpos, as autoridades encontraram três veículos crivados de tiros.
O general Agha Noor Kemtuz, chefe de polícia em Badakhshan, disse que as vítimas foram alertadas pelos moradores de que a área era perigosa, mas disseram que eram médicos e não temiam.
Ele afirmou que, segundo relato do sobrevivente, os médicos foram postos em fila e executados num denso bosque e todos os seus pertences foram roubadas.
O guia e intérprete do grupo, Saifullah, teria sido perdoado depois de recitar versículos do Corão no momento em que ia ser executado.
Saifullah está retido pela polícia na condição de testemunha. Frans o descreveu como um trabalhador fiel da ONG por quatro anos e disse não haver nenhuma suspeita de sua colaboração com os criminosos.
A ONG disse conceder ajuda humanitária no Afeganistão desde 1966 e que seus médicos voluntários trabalham em ambulatórios oftalmológicos em Cabul, Herat, Mazar e Kandahar. A ONG, que só atua no Afeganistão, diz assistir a 250 mil pessoas por ano.
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