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11/08/2010 - 10h12

Muçulmanos do mundo árabe iniciam hoje o mês sagrado do Ramadã

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Milhões de muçulmanos do mundo árabe iniciaram nesta quarta-feira o jejum do mês sagrado do Ramadã, que este ano será realizado em pleno verão no hemisfério Norte e com altas temperaturas que desafiarão os fiéis em seu jejum de águia e comida do nascer até o pôr do sol.

O Ramadã começou em Jordânia, Egito, Síria, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iêmen, Kuait e Sudão, depois que as autoridades religiosas avistaram na terça-feira o quarto crescente da lua ou hilal --que marca o início do Ramadã e o final do mês muçulmano de Shaban.

Nas últimas semanas, não só as temperaturas subiram, mas também os preços dos alimentos na maioria dos países árabes, o que provocou manifestações de protesto no Egito.

Crack Palinggi/Reuters
Muçulmanos esperam hora de interromper jejum sagrado do Ramadã, em mesquita de Jacarta, na Indonésia
Muçulmanos esperam hora de interromper jejum sagrado do Ramadã, em mesquita de Jacarta, na Indonésia

"Até as verduras estão mais caras agora que antes", disse à Agência Efe Abdala el Sayed, um motorista egípcio. "O que podemos comer então para romper o jejum do Ramadã?", se perguntou.

El Sayed se queixou de que este ano terá que alimentar sua família com menos carne, porque não pode fazer frente a seu elevado preço, calculado em US$ 10 o quilo.

Na Jordânia, a alta dos preços dos produtos básicos antes do Ramadã também preocupou os cidadãos. O primeiro-ministro do país, Samir Rifai, alertou os comerciantes na terça-feira sobre suas tentativas de subir os preços dos alimentos sem motivo algum.

"Qualquer aumento de preços significa a ampliação da margem de lucro dos comerciantes, mas o governo dispõe de todos os meios para fazer frente a esta exploração", declarou à imprensa.

Segundo números oficiais, na Jordânia o consumo de alimentos aumenta em 35% durante o Ramadã, quando, apesar do jejum diurno, são frequentes os excessos culinários nas reuniões familiares.

No Líbano, embora as autoridades tenham solicitado um congelamento dos preços dos alimentos, desde o início da semana foi registrada uma alta no valor dos produtos, sobretudo das verduras e das frutas.

IRAQUE

Com a chegada do Ramadã no Iraque, o Ministério de Comércio lançou uma campanha para assegurar a repartição dos alimentos em todas as regiões do país.

"Os preços são altos e também o calor, sobretudo pelo contínuo corte de eletricidade", disse à Efe Samar Abdala, uma professora iraquiana, enquanto fazia compras no centro de Bagdá e terminava os preparativos para a festividade.

O começo do mês sagrado muçulmano não fez os iraquianos esquecerem a crítica situação política e econômica vivida no país, que ainda não tem um novo governo.

Devido a estas circunstâncias, um grupo de ulemás e intelectuais iraquianos expressou em comunicado seu desejo de que os políticos aproveitem o mês do Ramadã para acelerar a formação de um novo gabinete e melhorar a situação da segurança.

XIITAS

Nos países de maioria xiita, os muçulmanos observam somente na noite desta quarta-feira o hilal, por isso só começarão amanhã o período de jejum.

Na Arábia Saudita, berço do Islã, as autoridades permitiram mais uma vez a observação do hilal com o uso de telescópios, um tema que sempre foi polêmico no país.

A discussão gira em torno da tradição, que seria de analisar o céu sem a ajuda de instrumento algum.

Além disso, o mufti da Arábia Saudita, o xeque Abdul Aziz al-Asheik, a máxima autoridade religiosa do país, permitiu este ano que os doentes de diabetes não jejuem --já que 24% dos 21 milhões de sauditas sofrem deste mal.

Nono mês do calendário islâmico, o Ramadã é considerado sagrado porque, segundo a tradição, foi quando o profeta Maomé recebeu a revelação do Corão.

Quase 1,5 bilhão de muçulmanos no mundo devem iniciar o mês de jejum e as orações rituais do Ramadã.

O jejum é um dos cinco pilares do Islã, junto às cinco orações diárias, à profissão de fé, à esmola e à peregrinação a Meca. Ele deve ser cumprido por todo muçulmano, exceto mulheres grávidas, doentes, crianças e viajantes.

Durante o período, os fiéis devem abster-se de comer, beber, fumar e manter relações sexuais, do amanhecer até o pôr do sol. O jejum é concebido como um esforço espiritual e uma luta contra a sedução dos prazeres terrenos.

EXCEÇÃO

Nos Emirados Árabes Unidos, uma recente fatwa (decreto religioso) autorizou os trabalhadores expostos ao clima da região a romper o jejum se não aguentarem a onda de calor, com o objetivo de evitar a desidratação.

A fatwa foi proclamada após o pedido de um funcionário de uma plataforma de petróleo, que teme pela saúde em condições climáticas extremas.

No Egito, as autoridades decidiram mudar a hora do país durante o mês de jejum e, assim, o sol se ocultará uma hora mais cedo e a hora do iftar --a esperada refeição que encerra o jejum-- chegará mais cedo.

O fato do Ramadã coincidir este ano com as férias de verão inquieta a indústria turística da região, preocupada com a possibilidade dos ricos visitantes árabes procedentes da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuait e Líbia optarem por ficar em casa para passar o período tradicional em família.

Por este motivo, o ministério egípcio do Turismo iniciou uma campanha para convencer os ricos turistas árabes, que viajam ao Cairo no verão, que uma vez passado o momento austero do jejum poderão desfrutar de animados jantares com fogos de artifício, espetáculos, concertos e danças folclóricas às margens do Nilo.

 

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