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Senado dos EUA pede atestado de estado terminal de terrorista de Lockerbie
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DA REUTERS
DE SÃO PAULO
O Senado dos Estados Unidos pediu ao governo da Escócia que entregue os documentos nos quais um médico atesta que o líbio Abdel Basset Al Megrahi, condenado pelo atentado de Lockerbie, tinha apenas três meses de vida.
O Comitê de Relações Exteriores do Congresso dos Estados Unidos investiga os bastidores da libertação de Megrahi, solto há cerca de um ano, por alegadas razões humanitárias. A suspeita é de que a gigante do petróleo British Petroleum (BP) fez lobby com o governo escocês pela libertação de Megrahi para facilitar um acordo de US$ 900 milhões para exploração de petróleo com a Líbia.
Megrahi foi o único condenado pelo ataque a bomba contra o voo 103 da Pan Am sobre Lockerbie, que deixou 270 mortos em 1988, a maioria americanos. Ele foi sentenciado à prisão perpétua por uma corte especial escocesa, em 2001.
A polêmica libertação de Megrahi foi decretada em agosto passado pelo governo escocês por motivos humanitários, já que ele teria um câncer de próstata em fase terminal --e no máximo três meses de vida. O ex-agente dos serviços secretos foi recebido como herói na Líbia. Em julho de 2010, professor Karol Sikora examinou Megrahi para o governo líbio e disse ao jornal "Sunday Times" que o líbio poderia viver mais dez anos.
Quatro senadores escreveram para o primeiro-secretário escocês, Alex Salmond, nesta terça-feira, pedindo que o governo dê total informação médica ou peça a Megrahi para liberar seu arquivo médico, se necessário.
Os senadores Robert Menendez, Frank Lautenberg, Charles Schumer e Kirsten Gillibrand citam relatos recentes de que a determinação do estágio terminal do líbio foi feita com base na opinião de um único médico.
O governo escocês defendeu o médico Andrew Fraser, diretor do serviço de saúde das prisões escocesas, e disse que ele é um "profissional de impecável integridade", que consultou uma série de especialistas antes de chegar ao prognóstico de três meses de vida para o condenado.
"Estes especialistas incluem dois oncologistas consultores, dois urologistas consultores e um número de outros especialistas, incluindo uma equipe de tratamento paliativo e o primeiro médico de Megrahi", disse uma porta-voz do governo escocês, acrescentando que a carta será respondida no tempo correto.
POLÊMICA
Em maio de 2007, o então premiê britânico, Tony Blair, elogiou o acordo de exploração de petróleo entre a BP e a Libya Investment Corp. como um marco da relação entre os dois países e chegou a abraçar o ditador líbio, Muammar Gaddafi, após duas horas de reunião em uma tenda.
No mesmo mês, Reino Unido e Líbia assinaram um memorando de entendimento para negociar acordos de extradição, assistência legal mútua, aproximação civil e comercial e transferência de presos.
Pouco mais de um ano depois, em 17 de novembro de 2008, os dois países assinaram o acordo para a transferência de presos --ratificada pelo Parlamento no ano passado.
Pouco após a libertação de Megrahi, a BP reconheceu em comunicado que pediu ao governo britânico que acelerasse a transferência de um prisioneiro da Líbia em 2007, lembrando que a demora poderia trazer consequências negativas aos interesses comerciais britânicos.
Agora, a BP ressalta que não falou especificamente no caso de Megrahi e que a ratificação do acordo de exploração com a BP era apenas um dos muitos interesses comerciais envolvidos no processo.
O governo britânico sempre defendeu que a libertação de Megrahi era uma decisão exclusivamente escocesa, na qual não poderia interferir. A Escócia tem poderes legais dentro do sistema britânico.
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