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03/10/2010 - 08h09

Aliança diplomática Lula-Correa ajuda a proteger interesses brasileiros no Equador

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LUÍS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

O alinhamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente Rafael Correa e o trabalho da diplomacia tornam as empresas brasileiras menos vulneráveis a uma eventual crise ou onda nacionalista no Equador.

O país foi alvo na última quinta-feira (30) de uma rebelião de parte da polícia nacional, uma ação interpretada pelo governo Correa como uma tentativa de golpe de Estado.

Entre os principais interesses brasileiros no país está um consórcio integrado pela Petrobras, responsável pela extração de 32 mil barris de petróleo/dia -- cerca de 10% da produção do país.

Desde agosto, a empresa negocia sua adaptação a uma nova lei, sancionada por Correa neste ano.

Ela nacionaliza o petróleo e altera as formas de remuneração da produção da commodity, na prática diminuindo os lucros de empresas estrangeiras.

Outro interesse brasileiro é a construtora Odebrecht, que operou no Equador por 20 anos e foi expulsa em 2007 após construir uma hidroelétrica que apresentou falhas.
Em julho deste ano, a Odebrecht fechou um acordo para voltar ao país.

"São empresas muito grandes para esses mercados. Começa a haver uma percepção do Brasil não como aquele país amigo, do futebol, mas de um país empreendedor e pragmático", disse Alberto Pfeifer, do Instituto de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo).

Segundo ele, essas empresas começam então a ser vistas como "imperialistas", por atuarem em áreas estratégicas do país.

Não há um acordo de resolução de controvérsias que impeça as empresas brasileiras de sofrerem ataques de governos nacionalistas ou que tenham necessidade de gerar fatos para aumentar seu apoio interno.

Por isso, a solução do governo brasileiro para diminuir essa vulnerabilidade é apostar em financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e no trabalho diplomático para melhorar a imagem do Brasil junto a governos como o do Equador.

"Significa ir à Unasul [União de Nações Sul-Americanas] fazer um discurso em favor do governo [equatoriano] e defender suas instituições", disse Pfeifer. "Mas o interesse é comercial e empresarial".

Ele avalia que, por causa desse trabalho diplomático, as empresas brasileiras não seriam as primeiras vítimas de uma eventual crise.

A resistência brasileira a problemas no Equador também é minimizada pela natureza do comércio entre os dois países.

O Brasil vem acumulando saldos altamente positivos no comércio com o Equador pelo menos desde a década de 1990. Só neste ano, as exportações brasileiras foram da ordem de R$ 1 bilhão. As importações não chegaram a R$ 65 milhões.

 

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