Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/11/2010 - 07h43

Dois anos após triunfo de Obama, republicanos têm vitória avassaladora

Publicidade

DE SÃO PAULO

Dois anos após a oposição ter morte decretada por ao menos uma década, uma maré republicana e conservadora varreu os EUA nas eleições ao Congresso, anunciando o fim da era das grandes reformas da Casa Branca.

Leia a cobertura completa no especial O Império Vota
Veja como foi a apuração minuto a minuto
Correspondentes da Folha comentam os resultados
Veja galeria de imagens das eleições
Análise: Republicanos podem ameaçar política externa do presidente americano
Análise: Eleições legislativas deixam Congresso dos EUA dividido e travado
Com 93% das urnas apuradas, eleitores da Califórnia rejeitam legalização da maconha

Pelos últimos dados, republicanos conquistaram na terça-feira (2) ao menos 54 cadeiras extras na Câmara.

As projeções são para o maior ganho desde 1948. Também terão 49 senadores (51 democratas). A contagem ainda seguia ontem.

O resultado na Câmara foi ainda pior para os democratas do que a "Revolução Republicana" de 1994, quando o partido retomou maioria no Congresso.

A manutenção de maioria ínfima no Senado evitou porém a repetição do desastre que o voto há 16 anos representou para democratas.

Larry Downing/Reuters
Obama se prepara para começar a entrevista coletiva na Casa Branca, um dia após derrota dos democratas nas urnas
Obama se prepara para começar a entrevista coletiva na Casa Branca, um dia após derrota dos democratas nas urnas

Os números impõem um enorme desafio ao presidente Barack Obama. Sem controle do Congresso, a expectativa é de os dois últimos anos de mandato viverem em impasse.

Nos últimos dois anos, foram aprovadas reformas como a do sistema de saúde, a do sistema financeiro e os pacotes quase trilionários de estímulo econômico.

Mas como benefícios almejados não chegaram ao eleitorado, o que ficou foi um gosto de "intromissão" do governo na vida dos cidadãos, como o próprio Obama admitiu ontem.

Em fala ao país, ele adotou tom sóbrio e reflexivo. "É uma sensação triste. Agimos diante de emergências, não por agenda", disse.

"Como presidente, assumo a responsabilidade por não retomar a criação de empregos mais rapidamente."

Planos que Obama ainda não cumpriu --a reforma migratória; fechar a prisão de Guantánamo (Cuba); aumentar impostos para os mais ricos; voltar a gastar para estimular a economia-- correm sério risco de ser engavetados.

E há o risco de a reforma da saúde ser repelida.

Política externa será um problema à parte, com propostas disparatadas sobre como (e se) cortar o Orçamento da Defesa e provável oposição dos conservadores a esforços que cheirem a reconstrução no exterior, como nas ações no Afeganistão.

Da reforma energética para lidar com o aquecimento global, Obama desistiu oficialmente. Disse que perdeu anteontem os poucos votos com os quais poderia contar.

EXTREMOS

Analistas ouvidos pela Folha afirmam que os instintos de Obama o guiarão mais para o centro, e ele exortou cooperação ontem.

Mas, nos EUA, um Congresso dividido não costuma ir ao centro, e sim emperrar a discussão. E a divisão entre os partidos só aumentou com a eleição.

Do lado democrata, a eleição deixou no poder os mais comprometidos com as alas esquerdistas, já que os oriundos de regiões moderadas ou republicanas foram obliterados.

Do lado republicano, a mensagem foi clara em prol do conservadorismo, principalmente na área fiscal. E a oposição não vai perder a oportunidade de capitalizar no clima de rejeição aos democratas.

"Prevejo paralisação total, mas vai depender do equilíbrio entre republicanos que querem fazer algo e os que querem "fazer pose" para 2012", disse à Folha o analista Clyde Wilcox, da Universidade Georgetown.

Sarah Binder, do Instituto Brookings, também prevê que pouco será acordado até 2012 além de talvez manter cortes de impostos para os mais ricos (que expiram em dezembro) e financiar o governo. No máximo, ocorrerão cortes simbólicos, sem impacto real.

NOVA AGENDA

Os republicanos prometeram reduzir o tamanho do governo dos EUA e contestar a agenda do presidente Barack Obama, depois de terem sido conduzidos pelos eleitores de volta ao poder na Câmara dos Representantes.

Iniciativas importantes nas áreas de mudança climática e imigração provavelmente não serão discutidas no Congresso com a maioria obtida pelos republicanos.

A oposição, porém, terá dificuldade em aprovar projetos, já que o Senado ainda é controlado pelos democratas e Obama tem poder de veto. O cenário mais provável é o de paralisia.

Jonathan Ernst/Reuters
Os líderes republicanos na Câmara dos Representantes Eric Cantor (à esq.) e John Boehner falam com jornalistas
Os líderes republicanos na Câmara dos Representantes Eric Cantor (à esq.) e John Boehner falam com jornalistas

O líder da bancada dos republicanos na Câmara dos Representantes e seu provável futuro presidente da Casa, John Boehner, destacou nesta quarta-feira a redução dos gastos do governo federal como o principal assunto na pauta do Congresso no ano que vem.

Boehner prometeu ainda lutar para rever a reforma da saúde, uma das principais vitórias do governo do presidente Barack Obama, qualificando-a de "monstruosidade".

"Está muito claro que o povo americano quer que façamos alguma coisa sobre o corte de gastos aqui em Washington e ajudemos a criar um ambiente em que consigamos os empregos de volta", disse Boehner a jornalistas.

Para o líder republicano, o resultado do pleito é uma prova de que "a agenda Obama-[Nancy] Pelosi [atual presidente da Câmara] foi rejeitada". "É um mandato para que Washington reduza o tamanho do governo."

Os republicanos conquistaram pelo menos 60 cadeiras nas eleições desta terça-feira (2) e terão uma maioria sólida na Casa no ano que vem, na qual se prevê que Boehner assumirá a Presidência.

PROMESSAS REPUBLICANAS

Num momento em que o deficit orçamentário do último ano alcança US$ 1,29 trilhão, o equivalente a 8,9% do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA, os eleitores clamaram por um governo menor e menos custoso.

Os republicanos prometeram controlar os gastos do governo. Em setembro, os republicanos haviam dito que sua primeira medida seria fazer com que os gastos do governo federal voltassem aos níveis de 2008.

Ao mesmo tempo, os republicanos vêm pressionando por maiores reduções de impostos do que o presidente Barack Obama deseja. Isso poderia aumentar ainda mais a dívida do governo federal do que as propostas dos democratas relativas a cortes nos tributos.

Durante seus comentários aos repórteres nesta quarta-feira, Boehner se recusou a detalhar quais os cortes nos gastos que buscará. Quando lhe perguntaram qual a principal despesa que cortaria, Boehner apenas respondeu: "Tomaremos muitas decisões nos próximos meses".

Ao mesmo tempo, os republicanos vêm pressionando por maiores reduções de impostos do que o presidente Barack Obama deseja. Isso poderia aumentar ainda mais a dívida do governo federal do que as propostas dos democratas relativas a cortes nos impostos.

###CRÉDITO###

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página