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EUA e Otan divergem sobre plano de transição de poder no Afeganistão
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Ao fim da reunião de cúpula em Lisboa, os países-membros da Otan aprovaram um plano de retirada do Afeganistão que prevê a redução do número de tropas no país e a instalação de uma força de transição que auxilie na devolução gradual do controle da segurança ao governo local. Os EUA, no entanto, indicam que o prazo de 2014 pode ser precoce para decretar o fim das operações de combate na região.
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A visão da grande maioria dos 28 países-membros foi defendida pelo secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Anders Fogh Rasmussen.
"Eu não prevejo um papel de combate para as tropas da Isaf [Força Internacional de Assistência à Segurança] após 2014, desde que, obviamente, a situação de segurança nos permita a transição a um papel de apoio", disse.
Kevin Lamarque/Reuters | ||
Países-membros da Otan aprovaram oficialmente o fim da missão de combate no Afeganistão até o final de 2014 |
Pressionados pela opinião pública e em meio a cortes orçamentários, muitos países europeus já manifestaram que ao término do prazo para a devolução de poder ao governo afegão pretendem também encerrar suas participações nas missões de combate no país.
Um membro do alto escalão do governo Obama --que falou sob condição de anonimato-- revelou, no entanto, que apesar de concordar com o plano gradual de retirada, os EUA devem manter o status de combate à insurgência mesmo após 2014.
NOVA ETAPA
Mais cedo, ao abrir o segundo dia da cúpula de sua cúpula em Lisboa, o secretário-geral da Otan disse que a aliança militar dará início a uma "nova etapa" no Afeganistão, buscando retirar suas tropas até o fim de 2014, embora os países-membros concordem que ficarão no país "o tempo necessário para terminar a missão".
"[O dia de] hoje marca o início de uma nova fase da nossa missão no Afeganistão. Nós daremos início ao processo através do qual o governo afegão tomará a liderança da segurança em todo o país, distrito por distrito", disse.
Enviando um recado aos insurgentes, Rasmussen esclareceu que apesar de buscar estabelecer os prazos para a retirada, os países-membros da aliança não devem sair antes de concluir suas operações.
"Se os inimigos do Afeganistão têm a ideia de que podem esperar até que nós deixemos o país, estão equivocados. Nós ficaremos o tempo necessário para terminar nossa missão", afirmou.
Pierre-Philippe Marcou/AFP | ||
Presidente afegão Hamid Karzai conversa com secretário-geral da Otan durante reunião de cúpula em Lisboa |
Mais cedo o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen já afirmara que o processo de transição no Afeganistão será iniciado "no começo do próximo ano" com a "esperança" de terminar até o fim de 2014, embora a transferência gradual de poder não signifique o final do "compromisso" da aliança militar ocidental com o país.
RÚSSIA
Os 28 dirigentes da Otan manterão ainda no sábado, à margem da cúpula, uma reunião com o presidente russo, Dimitri Medvedev, na qual proporão integrar o futuro sistema antimísseis à Rússia, a fim de garantir a integridade de seu território.
"Consideramos que estamos diante de uma boa oportunidade para apagar definitivamente as linhas divisórias e avançar em direção a um espaço de segurança comum e indivisível", assegurou Serguei Prikhodko, assessor de política internacional do Kremlin neste sábado.
Medvedev discutirá com os líderes da Otan o polêmico escudo antimísseis -- projeto inicialmente criado no governo de George W. Bush, que sofreu alterações para tentar conquistar o apoio de Moscou.
Obama revisou em setembro de 2009 o plano do republicano, que previa a instalação de dez interceptores de mísseis balísticos de longo alcance até 2013 na Polônia e um potente radar na República Tcheca.
O antigo projeto causou indignação na Rússia que viu a medida como uma interferência de Washington em sua esfera de influência.
Desta vez, no entanto, Obama e a Otan devem conseguir o apoio russo ao projeto -- em troca de garantias de que o sistema está dirigido contra os mísseis de curto e médio alcance de países como o Irã, e que não está capacitado para atingir alvos em território russo.
ESCUDO E NOVA ESTRATÉGIA
Ontem (19), ao fim do primeiro dia da cúpula, os países-membros da Otan aprovaram um novo "conceito estratégico" para a atuação da aliança militar em qualquer lugar do mundo.
Entre as novas políticas está a criação de um sistema integrado antimísseis, ligando os sistemas nos EUA e na Europa, para proteger os países-membros contra ataques de longa distância vindos de regiões como o Oriente Médio.
"O mundo muda, enfrentamos novas ameaças e novos desafios, e este conceito estratégico exige que a Otan seja efetiva em defender nossa paz e prosperidade", disse o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em entrevista coletiva após a primeira sessão de trabalho dos chefes de Estado e de governo da aliança.
"Fico feliz em anunciar que, pela primeira vez, concordamos em desenvolver um sistema de defesa antimísseis que estará suficientemente capacitado para cobrir todo o território e a população dos países europeus membros da Otan e os EUA", disse o presidente dos EUA, Barack Obama, acrescentando que o primeiro dia da cúpula da aliança, em Lisboa (Portugal), teve "progressos substanciais".
O novo conceito substituirá a estratégia anterior, adotada em 1999, dois anos antes dos atentados do 11 de Setembro.
O projeto que a Otan prepara prevê expandir o sistema no qual já vem trabalhando para defender suas tropas de mísseis, em parceria com o modelo desenvolvido pelos Estados Unidos em países do leste europeu.
PROPOSTAS DA OTAN
Os líderes da Otan aprovaram nesta sexta-feira uma nova missão estratégica para os próximos dez anos da aliança militar, retomando o compromisso com o papel militar global, apesar da experiência difícil na guerra do Afeganistão. Veja os principais pontos do novo "conceito estratégico" aprovados hoje em Lisboa.
- Confirma o trabalho central da Otan em defender seu território e seu comprometimento com a defesa coletiva de seus membros. Também compromete a aliança com o desenvolvimento de novas defesas contra ameaças como mísseis e cyber ataques.
- Confirma o comprometimento da aliança com a prevenção de crise e operações de gestão de crise, e a trabalhar mais próximo a parceiros internacionais, inclusive as Nações Unidas e a União Europeia.
- Compromete a Otan a trabalhar por um mundo sem armas nucleares, mas diz que enquanto tais armas existirem, a Otan vai continuar sendo uma aliança nuclearmente armada.
- Restabelece o compromisso da Otan em manter a porta aberta a todas as democracias europeias que atendam aos critérios de candidatura. Diz que a Otan vai continuar conversas de parceria com as ex-repúblicas soviéticas Geórgia e Ucrânia --ambas receberam promessas de entrarem para a Otan.
- Sublinha os interesses de segurança comuns com a Rússia, e se compromete a uma cooperação cada vez mais em áreas como defesa antimísseis, combate ao terrorismo, combate a narcóticos, combate a pirataria e promoção da segurança internacional.
- Compromete a Otan a um processo de reforma contínua em direção a uma aliança mais "efetiva, eficiente e flexível". Os líderes prometeram no documento aumentar a disponibilidade de suas forças armadas e cooperar em planejamento de defesa para reduzir a duplicação e fazer o melhor uso dos recursos.
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