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Criador do Wikileaks é investigado por estupro na Suécia; saiba mais
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DE SÃO PAULO
DA FRANCE PRESSE
O australiano Julian Assange, que tornou-se famoso divulgando milhares de documentos confidenciais americanos sobre a guerra no Afeganistão, voltou à cena neste domingo, com a publicação de mais de 250 mil documentos secretos da diplomacia americana.
Assange já esteve na mídia, contudo, por uma acusação de estupro, assédio sexual e coerção ilegal que lhe rendeu mandado de prisão na Suécia. Os crimes teriam sido cometidos na ocasião em que o australiano visitou o país para participar de conferências sobre o endereço na internet que fundou.
Felipe Trueba23.nov.10/Efe | ||
Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, é investigado por estupro e assédio sexual na Suécia |
O advogado de defesa Björn Hurtig disse, em entrevista ao jornal local "Expressen", que seu cliente está sofrendo "acusações falsas", um processo que está prejudicando seu nome e o "trabalho global" que faz.
Hurtig também ameaçou responsabilizar o Estado sueco pelos prejuízos causados à reputação nos últimos meses com a difusão das denúncias de abusos sexuais. Na metade de agosto, poucos dias depois de desembarcar em terras suecas, Assange teria cometido três crimes, relacionados a abuso sexual e coerção sexual.
No começo de novembro, Assange tornou pública a possibilidade de pedir asilo político aos suíços, já que o país é conhecido por ter uma "longa tradição na defesa dos direitos humanos".
A Suécia é um dos principais apoiadores do WikiLeaks, porque o Partido Pirata local combinou com Assange abrigar os servidores do portal da internet. Essa decisão se mantém, não deve ser alterada, apesar das acusações de estupro que pesam sobre Assange.
O site ainda tira proveito das leis suecas que protegem a identidade das fontes.
REVELAÇÕES
Como criador e figura emblemática do Wikileaks, o site especializado em vazar informações da inteligência, Assange, 39, acumulou muitas revelações os últimos anos, passando pela Islândia, pelo Afeganistão, pelo Iraque e agora até mesmo o Brasil, um dos muitos países citados nos documentos diplomáticos do chamado "Cablegate".
"Queremos três coisas: liberar a imprensa, revelar os abusos e salvaguardar documentos que fazem história", explicou certa vez Assange sobre sua decisão de publicar documentos confidenciais.
Em pouco tempo, Assange se converteu no homem que fez a CIA (central de inteligência americana) tremer, o grande revelador de abusos, o apóstolo da transparência... mas, ao mesmo tempo, manteve um grande enigma em torno de sua pessoa.
Por exemplo, ele se nega a dizer para onde vai ou de onde vem, viaja de capital em capital hospedando-se em casa e simpatizantes ou conhecidos, não dá o número do seu celular e também não fornece a data exata de seu nascimento.
"Estamos ante organizações que não obedecem às regras. Estamos ante agências de inteligência", assegura.
Nascido em 1971, sem que se saiba a data exata, em Magnetic Island, nordeste da Austrália, Assange teve uma infância agitada, passando por sete escolas, segundo a imprensa australiana.
Em sua adolescência, Assange se destacou como hackker até ser descoberto pela polícia de Melbourne. Para escapar da justiça, teve que pagar uma multa e jurar que manteria boa conduta.
A polícia jamais conseguiu estabelecer se esteve envolvido num incidente, em outubro de 1989, no qual as telas dos computadores da Nasa se viram repentinamente cobertas pela palavra "wank" (masturbação) pouco antes do lançamento do ônibus espacial Atlantis.
Assange conta que foi "conselheiro de segurança, fundador de uma das primeiras companhias de serviços informáticos na Austrália, assessor tecnológico, investigador jornalístico, coautor de um livro".
Em 2006, fundou a Wikileaks com "umas dez pessoas procedentes dos âmbitos dos direitos humanos, da imprensa e da alta tecnologia".
A Islândia e a Suécia, onde conta com apoios e está amparado por legislações favoráveis, são escalas privilegiadas em seu constante ir e vir por todo o mundo, de Londres a Nairóbi, da Holanda à Califórnia.
Na Islândia, se hospedou, durante semanas, em uma casa com as persianas sempre fechadas, para combinar com alguns companheiros do WikiLeaks sua primeira grande "exclusiva": um vídeo gravado pela câmera de um helicóptero militar americano em Bagdá, em 2007, que mostra uma incursão que causou a morte de dois empregados da agência de notícias Reuters e de vários civis.
Segundo a revista americana "New Yorker", Assange foi quem decodificou o vídeo militar, classificando a tarefa de "moderadamente difícil".
Assange milita, além disso, por um novo jornalismo. "Geralmente nos perguntam: vocês verificam suas fontes? O que verificamos são documentos. Ligamos e perguntamos: esses documentos são seus? E acho que temos um padrão muito mais elevado".
Em meio às críticas do Pentágono sobre a divulgação de documentos e o perigo que ela pode trazer aos americanos, Assange afirma que "encaramos nossa responsabilidade de publicação com seriedade".
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