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Novo Congresso dos EUA deve focar América Latina
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ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O Congresso americano que será inaugurado em janeiro promete novas disputas na discussão da política externa americana. E, ao que tudo indica, a América Latina estará sob holofotes mais fortes --e sob mais pressão.
Republicanos que dominarão a Câmara dos Representantes levarão alguns de seus membros mais linha-dura e conservadores para lideranças das comissões e subcomissões da área.
Por um lado, o controle republicano traz chance de avanço em pontos importantes, como nos tratados de livre comércio. Acordos com Panamá e Colômbia, parados há anos, têm mais chances de ser aprovados agora.
Por outro, a retórica certamente ficará mais ácida.
Um dos principais nomes em ascensão após a vitória republicana de novembro é o de Ileana Ros-Lehtinen, que chefiará a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Ela nasceu em Cuba e representa o sul da Flórida, região de forte eleitorado anticastrista e de lobby poderoso contra as esquerdas latinas.
Ros-Lehtinen já mostra há anos interesse forte na América Latina e provavelmente lhe dará atenção maior do que a do antigo líder democrata da comissão, Howard Berman, que privilegiava Oriente Médio e Ásia.
Mas progressistas estão em alerta. "Ela é louca", disse à Folha Larry Birns, diretor do think tank Council on Hemispheric Affairs. "Chegou a dizer que não se importaria em ver certos venezuelanos assassinados."
O foco na região será fortalecido por Connie Mack, também da Flórida, que assume a subcomissão para o Hemisfério Ocidental. Ele é descrito como "arquiconservador", diz Peter Hakim, presidente emérito do think tank Diálogo Interamericano.
CONCESSÕES
Hakim aponta que os republicanos, se não serão capazes de ditar a política externa --já que democratas seguem no poder na Casa Branca e no Senado--, estarão em posição para "determinar o tema e o momento de audiências e investigações".
A julgar pela história recente do Capitólio, a Venezuela será o primeiro alvo.
Ros-Lehtinen já deixou claro que pressionará a Casa Branca para endurecer a posição em relação a Caracas. E Mack se destaca como uma das principais vozes anti-Hugo Chávez de Washington.
Republicanos também terão capacidade para bloquear as poucas e modestas propostas que o governo do presidente Barack Obama ofereceu para a região até agora, como o leve afrouxamento das restrições a Cuba.
"Se Obama mantiver essa postura de concessões a oposição, vai abrir espaço para extremistas como o senador Jim DeMint [republicano da Carolina do Sul]", diz Birns.
DeMint é um expoente do movimento ultraconservador Tea Party e, entre outras posições polêmicas, apoiou o golpe em Honduras e emperrou por meses a nomeação do embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon.
E há incógnitas, como nas políticas de defesa para o continente. Enquanto favorecem posições militaristas fortes, por exemplo na Colômbia, republicanos que prometem cortar gastos públicos poderão hesitar em manter recursos para algumas iniciativas.
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