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30/12/2010 - 02h31

Cheiro de queimado embrulhava o estômago, lembra jornalista sobre NY no 11 de Setembro

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SÉRGIO DÁVILA
EDITOR-EXECUTIVO
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE SÃO PAULO

Desde 1812, por 189 anos o território continental dos EUA esteve livre de ataques de inimigos estrangeiros.

Quando em 11 de setembro de 2001 as torres gêmeas do World Trade Center e o Pentágono foram atingidos por aviões sequestrados por terroristas muçulmanos, o sentimento de segurança do cidadão médio americano ruiu.

O governo de George W. Bush teve nas semanas seguintes ao trauma oportunidade rara na história do país (similar apenas à que soube desfrutar na Segunda Guerra Mundial): conseguir, além da hegemonia política, econômica, tecnológica e cultural de que já desfrutava, também a hegemonia moral.

Associated Press: AP
Segundo avião sequestrado se aproxima da torre sul do World Trade Center; explosão aconteceu 18 minutos depois de outro avião bater na torre norte
Segundo avião sequestrado se aproxima da torre sul do World Trade Center; explosão aconteceu 18 minutos depois de outro avião bater na torre norte

A reação do mundo quase todo após a tragédia foi de solidariedade com as vítimas e a nação agredida.

Mas a administração Bush, com o apoio da maioria da opinião pública, jogou fora essa chance.

Preferiu adotar o discurso bélico, sacrificar liberdades civis no seu próprio país, entregar-se à desconfiança contra estrangeiros em geral e islâmicos em particular, ceder à paranoia, invadir o Iraque sob falsas alegações, permitir que aberrações criminosas como a tortura em Abu Ghraib e as prisões ilegais em Guantánamo ocorressem e ficassem impunes.

Aos poucos, a insensatez dessas atitudes foi percebida por muitos. Mas o estrago na imagem internacional dos EUA que elas causaram ainda perdura.

A eleição de Barack Obama em 2008 atenuou o prejuízo. Mas as dificuldades que ele encontra para cumprir alguns compromissos que bulem com segurança nacional comprova como o tema é complicado para o país.

Dizia-se, durante o estupor provocado pelas cenas espetaculares dos símbolos materiais do poder econômico e militar americano destruídos, que nada seria igual ao que era antes de 11 de Setembro.

Viu-se que as mudanças não foram tão drásticas assim, exceto para passageiros de avião, imigrantes árabes nos EUA e, claro, familiares dos mortos e mutilados nos atentados.

Mas a ocasião de os EUA se afirmarem como padrão definitivo de referência moral para o mundo foi perdida, talvez para sempre.

CHUVA DE PAPEL

"Silêncio interrompido pelas buzinas dos alarmes de carros estacionados, a sirene anti-incêndio dos prédios vizinhos e a das ambulâncias; os escombros das construções no chão cobertos por uma chuva de papel picado dos escritórios que estavam nas torres; uma coluna alta de pó branco e fumaça preta".

Assim é a Nova York minutos depois dos ataques às Torres Gêmeas, como descreve Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha. "E o cheiro de queimado, a embrulhar o estômago."

"A manhã do 11 de Setembro de 2001 começou com um telefonema da Folha, que detonou uma operação de emergência que, em minutos, me levaria e à minha fotógrafa improvisada aos pés dos prédios desabados. Para mim, só terminaria um ano e meio depois, no Iraque, sob bombas".

 

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